Friday, December 14, 2007

Palavras

Já que final de ano é tempo de se fazer listas faço uma aqui. Nada mais chato do que listar as realizações do ano que se foi ou planos para o ano que chega.Então prefiro ser mais poético e fazer uma lista de palavras, vocábulos que sinto saudades de falar e de ouvir. Algumas pelo valor sonoro das letras juntas. Outras pelo que elas representam. E umas outras sem muita razão aparente mais que são palavras que eu simplesmente gosto. Aqui estão elas seguidas por uma ligeira explicação.

Assombração: Não há uma palavra em inglês como esta. Para início de conversa, na forma temos o som “ão” inexistente em inglês. Mas mais importante que isto é o que “Assombração” me traz a mente. Vejo uma cidade do interior, talvez Palmeira no interior do Paraná, vejo um casal de velhinhos caboclos numa casa de madeira contando histórias de fantasmas para as crianças de olhos espertos esbugalhados.

Caracol: Uma das minhas palavras favoritas de todos os tempos. Lembro duns caracóizinhos que havia no quintal da minha casa de Higienópolis no Rio de Janeiro. Eles tinham uma casca branca, frágil, eram pequenos, andavam bem devagar, obviamente. Acho que gosto da palavra por ela me lembrar do meu quintal, das brincadeiras com meu irmão, de subir na parreira de uvas. Mas também adoro o som. Gosto de como a lingua no fundo do céu da boca no prim eiro “C” faz uma pequena onda que vai para a frente do céu da boca para pronunciar o “R” e volta para o fundo da boca terminando com o enrolar do“ol” final.

Porventura: “Por acaso”, “Talvez”, “Quem sabe”, todas úteis, super usadas. Talvez por isso não sejam tão legais de se usar como “porventura”. Fui um grande falador de “porventura” no Brasil. Aqui uso bastante o “Perhaps” que também gosto, porventura tanto quanto gosto de “Porventura”.

Carta de alforria: Estas três palavras juntas são o que uso quando uma namorada deixa eu sair sozinho. Como gosto de sair sozinho, gosto da palavra. Bem, não é tão simples assim. Tive uma chefe que era burra, tapada, uma idiota. Eu, que amo todos, cheguei a ter ódio daquela mulher. E ela com toda sua ignorância foi a primeira pessoa que vi usando essa expressão que até então eu desconhecia. Ela portanto me ensinou algo. Acho que penso em “Carta de alforria” e minha confiança na humanidade dá uma piscada para mim. Meu pai diz que ninguém é tão inteligente que não possa aprender alguma coisa com alguém todos os dias, e ninguém é tão estúpido que não possa ensinar alguém algo todos os dias.

Vaga-lume: Uma mistura de assombração e caracol. Me faz lembrar da cultura de cidade do interior (talvez Palmeira no Paraná novamente) onde encontramos bastantes vaga-lumes. E também me lembra meu irmão, minha infância, meu amor por bichos, todos os bichos.

Onomatopéia e Mitocôndria: Coloco as duas palavras juntas por que gosto delas pelo mesmo motivo. Soam divertidas. Cheia de sílabas, acentos bem colocados, estas palavras parecem que saem cantando da boca. Em tempo, as onomatopéias propriamente são prontas para serem cantadas também: pipilar, tintim, cacarejar.

E vocês? Vocês tem palavras prediletas?

Tuesday, November 27, 2007

Video-Game

Considero jogar video-game uma atividade pra meninada. Talvez porque aquela imagem impregnada em algum canto da mente que vem quando pensamos em algo ainda era de um Atari que meu pai trouxe pra casa quando eu tinha 8 anos. Se bem me lembro a fita que vinha junto era Missile Command. Jogávamos nós quatro lá em casa sem parar. Acho que eu era o melhor de todos, mas pode ser só minha imaginação querendo me fazer acreditar nisto. Meu pai comprou o Atari, sim, legal. Mas também logo estabeleceu que seria uma fita por mês e só. Puxa vida, pai! Aqueles jogos de Atari eram fácil de enjoar. Não tinha locadora naquela época. De qualquer maneira, a cada mês ele comprava um novo jogo no dia do pagamento do seu salário.River Raid, Pac-Man, Frostbite, “Aquele da galinha atravessando a rua” e por aí ia. Depois no futuro tive um Master System, um Mega Drive e finalmente um Super Nintendo. E parou aí. Gerações e mais gerações de sistemas apareceram, mas a imagem cognitiva era a do bom e velho Atari.

Estas memórias habitaram meu consciente nas últimas semanas enquanto considerava se deveria ou não comprar um aparelho de video-game. E era só o começo. Sabia também que ia acabar gostando e isso não seria bom. Já chega as horas de computador diárias no escritório. Agora mais umas horas em casa de uma atividade preguiça?

Encontrei um meio termo. O tal do Wii. Não se é o mesmo que ir pra academia, tá certo. Mas dá para suar um pouco batendo numa bola de tênis virtual ou jogando boliche de mentira.



E quanto a voltar a ser criança... sim acontece e faz bem.

Tuesday, November 20, 2007

O Livro e o Kindle

O livro é o símbolo supremo da inteligência, da sabedoria e da cultura. Mas o que diabos é um livro afinal?

Um livro é composto de páginas. Páginas são retângulos de papel grudadas em um dos lados por cola, grampos ou costura. Várias destas páginas cobertas por um outro pedaço de papel, geralmente mais grosso e/ou com algum tipo de ilustração, chamado de capa, fazem um livro.

Pronto.

Ah, detalhe que eu quase esqueci. Um livro só é um livro mesmo, se neste monte de papel estiverem impressos símbolos chamados letras. E tem mais. Estas letras devem estar organizadas em palavras e as palavras em frases. Quando estas frases têm uma certa ordem e coerência e transmitem idéias aos leitores (leitores são as pessoas que olham para um livro e decodificam os símbolos em suas cabeças) temos finalmente o livro.

Pronto? Na verdade não.

O livro transcende o físico. A manifestação física, o objeto em si não é nada, de nada interessa. Afinal que uso tem um monte de papel? Fazer fogo, talvez. O livro é na verdade as idéias que ele transmite. Estas idéias são o que alimenta a inteligência, a sabedoria, a cultura dos homens. Em suma: dane-se a forma e viva o conteúdo.

Todos concordam? Com perdão pelo lugar-comum (lugares-comuns são atentados a boa escrita de frases e de livros): Aí que o bicho pega.

A maior empresa virtual e maior revendedora de livros do mundo, a Amazon.com, acaba de lançar o Kindle, “a evolução (substituição?) do livro”. O Kindle não tem nada a ver com um livro na forma. É de plástico, vidro, silício e todos estes materiais que constituem um computador moderno.

O problema é que prevejo que autores e leitores discutirão e tomarão lados se são adeptos ou não do livro digital. Eu consigo já visualizar muita gente boa criticando o Kindle e defendendo o valor do livro impresso. Mas não haverá perdão para estes últimos. Eles estarão dando valor a um monte de papel e esquecendo o que realmente importa. E logo eles que lêem tanto e portanto deveriam ser adoradores da inteligência, sabedoria e cultura.




Para saber mais sobre o kindle (em inglês):

Sunday, November 18, 2007

Mais Momento Jaba

Caron é meu amigo e cumpadi
A foto minha no seu blog me fascina
Entra lá agora e não de tardi
Que prometo pará com estas rima

Clica aqui: Blog do Caron

Friday, November 16, 2007

Meu nome é Valério. Eu sou um alcóolatra.

"Um copo só... ou será meu vício “falando” comigo. Não gosto desta expressão. Mas nas reuniões dos Alcóolicos Anônimos é comum se falar do vício como uma entidade separada, um ser de vontade própria que “pensa”, “fala”, “sugere” coisas ao seu portador. Mas minha vontade de assistir televisão tem a mesma voz do meu vício em álcool. Como posso diferenciar o que é o vício “falando” e o que é simplesmente vontade própria? Este mesmo exemplo da TV seria derrubado por meu patrocinador por ser um outro vício. Vício por televisão. Tem gente viciada em tudo, desde exercício físico até o vício em outra pessoa. Da onde vem toda esta invenção? Que se dane é tudo história, é tudo papo. Vou tomar um copo de vinho. Não! Deve ser o vício falando. Mas o que é pior? As conseqüências da bebida ou essa voz que só se cala quando bebo? Minha mulher me largou, mas e daí: Ela iria me largar mesmo se eu fosse um padre. Péssimo exemplo. Padre não se casa. Mas o ponto é que aquela vagabunda estava me traindo mesmo antes de nos casarmos. De novo este pode ser só o vício me induzindo a beber. Somos então uma entidade anexada ao vício e não o contrário. Não sei. Não sei de nada. Ninguém fala das coisas boas que a bebida traz. Sim, fiz amigos e descobri coisas novas em conversas de bar. Nos últimos 3 anos 4 meses e 21 dias quando não bebi, assisti televisão e naveguei na internet como se não tivesse mais compromisso na vida. E não tinha mesmo. Não criei amizades verdadeiras em conversas na internet. Minha vida sexual está reduzida e uma puta por mês quando posso pagar e horas de pornografia diária. Meu patrocinador diz que eu tinha um vício cruzado, sexo e bebida. Agora que estou “em recuperação” de um, falta “administrar” meu outro vício. Mas que droga...O sexo é uma necessidade básica... Mais uma vez, isso só pode ser meu vício em sexo falando comigo."


Este é um minuto na minha vida. Penso coisas como esta todas as horas que passo acordado. Minha vida se resume a isto aqui que escrevi, com algumas pequenas variações, multiplicada por cada minuto que ainda me resta nesta terra.

Momento Jaba

Forte e inteligente é a Marina
Tem um blog sobre rock e tudo
Cês por favor perdoem minhas rima
Mas entrem todos lá seus puto

Clique já: Máquecousa

Tuesday, November 13, 2007

Para melhorar a distribuição de renda

O Facista:

Para melhorar a distribuição de renda deveríamos proibir que os pobres tivessem filhos. Para poder ter um filho o cidadão deveria ter que pagar um valor de, por exemplo, uns 100 mil dólares para o governo. Os ricos teriam obviamente mais filhos e suas fortunas seriam divididas entre os filhos por gerações fazendo que com a riqueza fosse cada vez mais distribuída entre vários indivíduos. Os pobres logo seriam minoria, então os trabalhos na base da cadeia alimentar teriam mão-de-obra escassa e por consequência melhores salários. A grana paga para o governo serviria para manter um sistema de busca e apreensão de rebeldes tendo filhos escondidos. Cidadãos que tivessem filhos escondidos, pobres obviamente, seriam executados. O mesmo valeria para seus filhos nascidos sem o pagamento da taxa. Oquê só aceleraria o processo de avanço a uma sociedade mais equilibrada.

O Comunista:

Só os pobres poderiam ter filhos. Se o cidadão fosse rico, não poderia ter filho. Quando ele morresse seu dinheiro seria distribuído pelas famílias pobres que mais filhos tivessem. Ricos que tivessem filhos escondidos teriam toda sua fortuna apreendida e distribuída também. Depois de alguns anos os ricos estariam extintos e a renda dividida entre as pessoas.

Friday, November 02, 2007

Recebi um email sensacional da minha mãe (enviado para meu irmão e eu):

Lembro de vocês pequenos me pedindo para fritar cebolas. Então eu fritava na manteiga (ou margarina) e colocava um pouco de açúcar e deixava tostar e ficar com uma cor bonita. Vocês adoravam. Agora aprendi a cortar as cebolas em tamanhos grandes, temperá-las com sal, azeite, cominho e pimenta e levá-las no microondas por mais ou menos quatro minutos. Fica uma delícia tanto quente como gelada. Huuummmm...Tenho feito muito. Agora outra: pegue a batata, faça uns 4 furos com a ponta da faca na casca e leve no microondas (no seco, sem água) por 4 minutos. Deixe esfriar e descasque e use como quiser. Teu pai acabou de ligar que não virá passar o feriado em casa porque ainda está em São Paulo sem dormir (já era meio dia), porque quando estavam taxiando o avião para decolar o freio grudou, estourou o pneu e pegou fogo no pneu. Agora o avião está em manutenção e estão atrasados com a carga. Então ele vai ficar em Porto Alegre no final de semana e só virá pra casa terça-feira cedo. Beijos. Mãe.

Sensacional por dois motivos. Porque é da minha mãe e mãe é mãe. As receitas de cebola e batata enviadas para dois marmanjões um nos EUA outro na Austrália demonstram o carinho que uma mãe tem pelos filhos para todo sempre. E por causa da melhor parte: O que é mais trivial que receita de comida? O que é mais sério que um acidente aéreo? Minha mãe num texto só passa de um assunto para outro sem dar tempo de deixar o leitor piscar. Sensacional! Fico imaginando a mente de uma pessoa com medo de avião admirada com a casualidade deste email. Bem, a explicação para estes outros mortais é que meu pai voa há mais de 35 anos e para nós quatro quase-acidentes são arroz e feijão mesmo.

Tuesday, October 30, 2007

Momento Diário de um Adolescente

A vida vai bem e isto me preocupa. Imagino que todo mundo deva ter aquela sensação que quando está tudo indo muito bem é porque depois da curva a má sorte os espera.

Eu recebi um aumento recentemente, estou me sentindo bem fisicamente e acabei de me mudar para um apartamento maior e melhor. Mas eu tenho certeza que logo ali, no mês que vem, talvez na semana que vem, ou até mesmo amanhã, algo vai me atingir como um raio.

Recentemente um fenômeno meteorológico foi o início de uma fase obscura. No curto período de quatro semanas: Fui atingido por um furacão, quebrei o pé, briguei com a namorada, tive meu carro arrombado e meu cachorro morreu. Há bem pouco tempo atrás. Agora, como disse, a vida vai bem. Isto não prova que minha teoria está certa?

Mas o mais trágico disto tudo é que primeiramente eu antecipo meu momento bom acabando logo, mas nunca imagino durante as fases ruins que tudo vai ficar bem em breve.

Segundamente, eu não acredito em mérito. Este assunto merece um texto exclusivo, mas em resumo acho que a quantidade de variáveis que se combinam para alguém suceder na vida são tantas, quase infinitas, que o mérito pessoal por si só tende a zero. Está aí portanto mais um diminuidor de prazer.

PS. Só para que fique registrado. Sou um cara feliz, talvez só pense demais ás vezes.

Monday, October 29, 2007

Fotos Minimalistas

Fotos minimalistas




Update: Perguntaram se as fotos são minhas. Sim, são minhas.

Tuesday, October 23, 2007

Louco, livrou-se de toda sua vestimenta e nu saiu pelas ruas.

Levado preso, perante a corte, exclama que é uma vitamina genética e suas ações dela são frutos. Não o engolem. Defende sua fé numa divindade superior que a tudo controla. Não o perdoam.

Sozinho numa cela vazia, toma a decisão de se matar. Aquela seria escolha própria, encontraria a redenção nos momentos finais de sua vida: o livre-arbítrio.

Dias depois, o corpo doado para a ciência; o médico, Doutor Moros, encontra o gene que predetermina seres a serem exibicionistas e suicidas.

É então perdoado post mortem. Uma religião nasce em seu culto.

Milhares de pessoas agora andam nuas pelas ruas. Todas fadadas a se matarem.

Friday, October 19, 2007

2001

Como quem espera ansioso o encontro com a ex-namorada, aquela que foi o verdadeiro e único amor, na esperança por um sexo-recordação. Assim passei o dia de ontem na espera para assistir "2001: Uma Odisséia no Espaço" em um cinema, na tela grande, aqui em downtown Houston. O Centro de Filmes Angelika de tempo em tempo projeta por uma noite só grandes filmes clássicos.

Já assisti 2001 em video e dvd, sem exagero, umas dez vezes. Dez vezes inteiro, pois ás vezes queria ver especificamente uma cena só. A razão é simples: este é o meu filme predileto de todos, de todos os tempos e gêneros. O fato de eu ter um filme que considero superior a todos os outros é uma surpresa pra mim mesmo. Gosto muito de cinema, assisto muitos filmes, poderia não ter um filme predileto, ou ter no máximo uma discutível lista de cinco melhores. Mas não. Tenho um filme favorito.

Acho que o gosto para filmes diz muito sobre quem as pessoas são.Não me ache pretensioso, mas consigo traçar mais ou menos o perfil de alguém pelo que a pessoa aprecia no cinema. Baseado nisto sempre imaginei se eu seria um bicho muito estranho e esquisito mesmo por gostar de um filme que muitos não entendem. Bem, como defesa da minha falta de sensatez prefiro pensar que o intelecto daqueles não está preparado para algo sofisticado como 2001.

Enquanto comia um sushi antes da projeção, imaginava que tipo de figura estaria lá assistindo o filme. Aqui nos EUA, sei lá, pode-se esperar ver aqueles aficcionados vestidos como protagonistas. Imagine chegar na sala e ter uns macacos e uns astronautas sentado na sua frente... Mas ainda bem, estavam todos vestidos de gente. No entanto o que foi surpresa era que na sala lotada tinha bastante gente nova. Achei que seria na maioria o povo da velha guarda, que teve o privilégio de assistir o lançamento em 1968. Antes da exibição, todos conversavam animadamente, como se fosse uma grande família de gente estranha e esquisita. O diretor do centro entra na sala e pergunta quem iria ver o filme pela primeira vez e a meninada levanta a mão. Senti uma certa inveja. Não há nada como ler um livro, ou assistir um filme de qualidade com uma planilha em branco.Vai ver todas as outras várias vezes que se repete a experiência é uma busca por aquela primeira sensação. Como dizem dos viciados em heroína sempre em busca da primeira viagem.

Sentei na terceira fileria, bem no meio, e me deixei levar pelo infinito do universo.

Já teria sido uma boa noite, mas ainda tinha algo mais. O ator principal do filme estava lá (Keir Dullea quem fez o papel do astronauta Dave Bowman), e depois da exibição se ofereceu para uma rodada de perguntas e respostas com o público. Sim, isto mesmo, passei das teóricas seis pessoas de distância, para uma só. Ali na minha frente alguém que trabalhou meses com o Stanley Kubrick. Este momento ficará registrado na minha memória como um dos (aqui sim) “top five momentos de tietagem absoluta”. Junto do dia em que assisti o Woody Allen tocando jazz num bar em Nova York e da vez que aos sete anos de idade abraçei a Xuxa.

Ele contou algumas coisas sobre a filmagem, disse que o Kubrick era gente fina e um gênio e foi isso. Pronto, essa foi minha noite. Cheguei em casa e encontrei um quarto branco com decoração do século retrasado. Já cheio de rugas, comi algo e derrubei um copo para logo depois morrer e virar um bebê espacial.

Ilustração: Janara

Wednesday, October 10, 2007

Um diálogo ouvido ontem:

- Qual seu tipo de comida predileta?

- Olha eu sou meio chata pra comida. A minha refeição perfeita seria o melhor de vários restaurantes: O hamburger do Burger King, as fritas do McDonald’s , os onion rings do Sonic e o milk-shake do Dairy Queens.

Ouço coisas como esta com frequência por aqui. Pessoas que discutem qual a melhor fast food como se fossem sofisticados hors d’œuvre.

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Ainda no assunto comida.

Que o Hugo Chavez, dentro de uma suposta cruzada moral, desaconselhe a ingestão de whisky, o gasto com luxos supérfluos e o consumo de alimentos calóricos , vá lá. Agora, o presidente venezuelano colocou no mesmo balaio os alimentos apimentados. Ô seu Chavez, pimenta não faz mal não.

Friday, October 05, 2007

Não sei se vocês sabem, mas o Presidente George Bush costumava ser um manguaceiro, bêbado, cachaceiro dos bons. Depois parou, mas antes disto olha como ele era.



Olha, ele parecia ser um cara divertido. Talvez ele deveria ter continuado a beber. Quem sabe não haveria uma guerra sem fim no Iraque, o protocolo de Kyoto estaria assinado e sendo cumprido, a pesquisa sobre células tronco estaria progredindo e teríamos encontrado a cura para diversas doenças...

Gosto muito de poesia concreta. A seguir três poemas do Augusto de Campos:









Bem, eu bicho informático fiz um pequeno poema concreto utilizando as mais de duas dimensões do suporte virtual de um blog. Post abaixo:

Wednesday, October 03, 2007

“Mas como assim vocês não separam o lixo orgânico do lixo reciclável?”
Frase dita por mim no início de 2005 quando primeiro cheguei às terras estadosunidenses.

“Mas como assim vocês não separam o lixo orgânico do lixo reciclável?”
Frase dita por uma amiga visitando Houston no mês passado.

É... meus caros, somos curitibanos e como tais fomos programados a separar o lixo do lixo-que-não-é-lixo. Coisa básica. Quem é de Curitiba conhece bem a palavra “separe” em letras garrafais com hifens entre as sílabas divulgada por uma campanha extensa na cidade, simples e direta:

SE-PA-RE

Nós da capital do estado da terra dos pinheirais também andamos de ônibus biarticulados, ligeirinhos, alimentadores e interbairros naturalmente como aqueles outros dirigem em highways, marginais ou linhas amarelas. Nossos terminais tem tubos anexados a eles e com uma passagem se vai longe pulando de linha em linha.

Fora isto também temos orgulho dos nossos parques. Falamos para os de fora, sem nenhuma recordação do valor exato, que nossa cidade tem as maiores áreas verdes por habitante. “São 50 metros quadrados por habitante”, diz um. “São 30 metros quadrados por habitante”, um outro afirma. Na verdade quando se está deitado no gramado do parque São Lourenço num domingo de sol e de céu azulzinho como se polarizado apreciando as ovelhinhas a comerem grama aquilo não importa.

Sou Curitibano por opção. Poderia me considerar Florianopolitano pois lá nasci, ou Carioca onde passei a infância. Até mesmo Houstoniano. Por que não? Já que é aqui que atualmente moro com gosto. Mas não, meus caros, meu coração é curitibano. Sou portanto suspeito quando falo bem da “verdeza” da minha terra, vocês podem argumentar. Mas leiam este post sobre Curitiba (em inglês) num blog sob a batuta da National Geographic e vocês concordarão que Curitiba é mesmo lazarenta de tesão*.

*Tem que ser de Curita pra entender a expressão. Ha!

Acho que estou com saudades de casa. Me deu um aperto forte no coração agora.
Fotos todas Googladas

Monday, October 01, 2007

Um grande amigo, alienígena e poeta, pegou meu conto minúsculo e fez dele seu. Gostei bastante e aqui o publico.

Plágio Ordinário

A camionete, os dois veículos, e os caminhões entre buzinas contentes e os motoristas altos tinham mais que única a cena ao verem a motorista Viviane tocando potente que sentada na cabine masturbava o carona da F-1000

Sunday, September 30, 2007

Série: Contos minúsculos 4
Tema:sexo

Na suruba de despedida de solteiro a maré de chulé e CC que subiu quando todo mundo tirou a roupa brochou pelo menos uns dois.


Viviane na cabine da F-1000, sentada entre os dois, masturbava motorista e carona. Os caminhões, únicos veículos mais altos que a camionete tinham contentes motoristas tocando potentes buzinas ao verem a cena.

Houve um tempo quando muito me preocupavam os mistérios da vida e da morte, do infinito do universo, da incoerência do homem.
Hoje um problema existencial me assola mais que tudo: Do que adianta batalhar de segunda a sexta na espera pelo fim de semana se depois do domingo começa tudo de novo?

Thursday, September 27, 2007

Fotos




Tuesday, September 25, 2007

Gordos aqui e aí

Ser gordo nos EUA é imensamente diferente de ser gordo no Brasil. Não me refiro a tamanhos, mesmo que aqui se encontra pessoas bem grandes mesmo. Quero dizer que os mecanismos de estímulo a ser magro e sarado no Brasil são mais fortes que aqui. Portanto de alguma maneira fatídica é mais fácil ser magro no Brasil e é mais fácil ser gordo nos EUA.

Explico. Acredito que a razão mais nobre para que se seja magro é a saúde: menor número de doenças, vida mais longa e todo este papo que estamos cansados de ouvir. Este é um estimulo universal, se aplica a qualquer lugar do mundo, a qualquer raça do bicho homem. Porém acho que esta motivação é menos palpável que outras. O sujeito acima do peso não fica perdendo muito tempo pensando no colesterol que se acumula em algum lugar escondido de suas artérias.

Por outro lado uma outra razão para ser esbelto é ,porventura, menos nobre, mas de certo modo mais eficiente como motivação. O sex appeal, ser sarado ou sarada, ter músculos torneados, ser gostoso ou gostosa isto sim está na nossa cara todo dia. No Brasil, a menina mais gordinha quando sai na balada não fica com ninguém. Isto é, se ela chegar a sair, pois muitas vezes ela não quer ter que desafiar o preconceito da sociedade por não estar nos padrões.

Aqui nos EUA, pelo contrário, a noite é recheada de gordinhas, e elas dançam e se acham sexy e dão risadas e beijam os meninos. São felizes tanto quanto as magrinhas, por que a sociedade de certo modo abraçou com braços bem compridos as gordinhas.

Então a pressão social no Brasil ajuda as pessoas a emagrecerem. Bom. E as gordas e gordos nos EUA tem maiores auto-estimas. Bom também.

Wednesday, September 12, 2007

Humberto

Mais uma tempestade com nome de gente na minha vida.


Depois da Rita, do Dean vejo aqui por perto o Humberto.

I love it!

...e o Iraq e Afeganistão e suas tragédias; e o rolo de muitos de vocês sob a carga de dívidas e prestações de imóveis baseadas em impostos insanos, aquecimento global e suas tristezas; e a pobreza miserável e a fome trágica na África; tudo isto é somente uma das faces sinistras da globalização.

Parte do discurso de Osama Bin Laden em seu vídeo mais recente.

Friday, September 07, 2007

Escrevi um pequeno conto em homenagem ao meu cãozinho Zeeko para ajudar a superar a dor por tê-lo perdido.

É um conto bobo, uma mistura de ficção científica e fábula infantil. Nada, nada, escrever estas linhas me fez bem.

Zeeko, viajante do tempo.

“O que que eu vou encontrar para comer aqui?” foi o primeiro pensamento do jovem chihuahua Zeeko na chegada da sua viagem no tempo rumo à era dos dinossauros. Um pensamento muito elaborado para um cachorro, vocês podem argumentar. Acontece que o Zeeko tinha sido treinado para atingir o máximo de seu potencial intelectual desde seu nascimento. O grupo que o treinou foram os próprios cientistas de Houston da Missão: “Viagem no Tempo”, ou como eles preferiam chamar de brincadeira; Missão: “Fazendo Xixi na Perna do Tiranossauro Rex”.

O treinamento começou como qualquer cãozinho é treinado. Com méritos Zeeko passou pelo “Senta”, “Deita”, “Rola”, “Dá a patinha”, e todas estas coisas. Depois desta fase um elaborado cardápio de proteínas foi desenvolvido para que o pequeno chihuahua fosse capaz de apreender ainda mais. As carnes escolhidas, para muito gosto do Zeeko, foram filé mignon e picanha. À base deste cardápio ultra proteico mais alguns outros ingredientes ultra secretos, que não podemos divulgar aqui, o Zeeko se tornou o cachorro mais esperto do planeta.

O treino então passou para outras fases. Zeeko entendia que quadrados azuis eram diferentes de triângulos vermelhos. Calculava que a raiz quadrada de 121 era 11. E para Zeeko estava na cara quem mandou matar JFK. Outro detalhe que infelizmente também não podemos contar pra vocês.

Então foi assim que Zeeko foi capaz de pensar: “O que que eu vou encontrar para comer aqui?” quando colocou as patinhas no período Jurássico. Seu segundo pensamento foi de orgulho de si mesmo, tinha certeza que a cachorrinha Laika sua grande paixão eterna e fonte de inspiração ficaria orgulhosa dele. Como vocês sabem, a cadelinha Laika foi o primeiro ser-vivo a ir para o espaço em 1957 a bordo da espaçonave russa Sputnik 2. O que talvez vocês não saibam, mas Zeeko sabia, é que ela não morreu naquela empreitada, não. Ela simplesmente passou por um buraco negro e foi parar em um outro plano espacial-temporal onde o mundo pertence aos cachorros. Lá, todos os sofás e camas são feitos para serem subidos. Os cachorros podem ficar sujos e fedidos, sem incomodar ninguém naquela dimensão. E os tênis, cabos de impressoras, travesseiros e meias são feitos para serem mordidos. Agora vocês entendem porque a Laika não quis voltar para a Terra.

Mas voltemos o ao pequenino Zeeko perdido no imenso continente chamado Pangeia. Sua missão ali não era das mais complicadas. Ele tinha que primeiro voltar no tempo o que já era um grande feito para a humanidade (ou melhor, para os cães, mais uma vez, Zeeko pensava) e segundo ele tinha que achar algo para levar com ele para o futuro.

Ele achou logo uma pequena orquídea amarela, que como Zeeko havia aprendido foi o que eventualmente selou a extinção dos grandes lagartos alérgicos as flores recém surgidas na linha evolutiva das plantas.

Pronto, missão cumprida. Mas aquele estômago roncando mais que um Braquiosauro tinha que ser atendido. Zeeko sabia que qualquer saída da zona de segurança poderia causar problemas no futuro. Alterar qualquer coisa no passado, pisar sem querer num besouro por exemplo, pode gerar uma séria de reaçãos em cadeia através das eras e mudar o presente como o conhecemos. Um besouro morto, por exemplo, não iria dar origem a uma outra espécie de besouros usados em mumificações no Egito, sem seus semi-deuses mumificados o egito não teria fé suficiente para se tornar um grande império, os gregos por sua vez não teriam aprendido nada com os egípicios, os romanos não teriam aprendido nada com os gregos e assim em diante. Estaríamos provavelmente vivendo nas cavernas ainda hoje.

Porém por mais inteligente que Zeeko fosse e compreendesse tudo isto, ele ainda era um pequeno cão levado e tinha que dar uma explorada pela redondeza. Com cuidado, é claro, para não alterar muito o ambiente a sua volta.

Caminhando pela floresta ele via Pterodátilos voando por sobre o topo de araucárias gigantes. Numa planície afastada Zeeko conseguia ver um grupo de braquiossauros gigantescos do tamanho de Boings 707 como os seus amigos cientistas gostavam de comparar. Os Branquiossauros tomavam banho num lago aquecido por calor vindo direto do magma da Terra. Mas nesta curta caminhada Zeeko tem uma visão ainda mais espantosa. Logo atrás de uma imensa rocha um Tiranossauro Rex dormia. A enorme barriga do dinossauro subia e descia enquanto ele respirava por narinas que mais pareciam dois vulcões em erupção soltando rajadas de vento. Zeeko então, com cuidado para não acordar o terrível Rex, chega de mansinho e faz aquilo que começou como uma brincadeira no laboratório dos cientista. Zeeko fez xixi na perna do Tiranossauro Rex.

Depois disto até a fome passou, cheio de orgulho o pequeno Zeeko vai saltitando de volta para a zona de segurança. Tinha deixado sua marca na história do planeta.

Ele entra na zona de segurança e dá uma balançada sacudindo as orelhas para acionar seu transportador temporal preso na coleira e zuuuum (este é o som de um chihuahua viajando pelos milênios).

“Putz” foi o primeiro pensamento de Zeeko na sua volta para o presente. Aquele mero xixizinho tinha alterado o rumo da história como era uma possibilidade. Ele não tinha voltado para o laboratório dos cientístas em Houston de 2007 como deveria. Ele voltou para 1957, e acreditem vocês, estava dentro da cápsula espacial Sputinik 2 flutuando pelo espaço sideral com seu grande amor, a Laika.

Ela olha para ele encantada. Encantada pela chegada triunfal daquele cão e encantada também pelos lindos olhos negros e redondos daquele Chihuahua. Zeeko, agora pensando e falando na língua dos cães para poder se comunicar com ela, fala com um ar sedutor e jeito de cachorro malandro. “Oi cheirosa, meu nome é Zeeko com K, assim como o K de Laika. Trago esta linda flor para você.”

Daquele momento em diante os dois não se separariam mais pelo resto de suas vidas. Fariam filhotinhos e seriam felizes para sempre numa dimensão onde as meias são feitas especialmente para serem mordidas.

Sputnik 2


Laika. A primeira exploradora espacial.

Zeeko. Pouco antes da sua viagem no tempo.

Wednesday, September 05, 2007

Zeeko

O meu pequeno cachorro Zeeko morreu ao ser anestesiado para uma cirurgia que consertaria sua pata quebrada.

Estou muito triste.

Esse aqui é um texto do meu pai que me tocou bastante.

Réquiem para um cãozinho feliz

O Chihuahua, o menor cão do mundo, é extremamente inteligente, afetuoso e possessivo. É considerado pela maioria das pessoas um cachorrinho de colo mas é, para quem partilha a vida com ele, um cãozinho feliz, e assim era o Zeeko. O pequeno e feliz Zeeko, de apenas seis meses, faleceu por um acidente infeliz. Durante sua curta existência encheu a existência de seu dono de atividade e alegria, e assim deve ser lembrado. O que conta é que viveu intensamente seus poucos seis meses que, numa escala humana, equivalem a três anos e meio, era uma criança, portanto. Pessoas que só o conheceram por fotos e um filminho caseiro se encantaram pela sua “personalidade” irriquieta e olhar inteligente, todos, com muita tristeza, choramos seu passamento. Se existe um céu para cachorrinhos ele estará lá, saltitante e feliz com seus semelhantes, temos certeza.



Adeus Zeeko.

Monday, September 03, 2007

Há oito dias e algumas horas quebrei o pé. Sinceramente, não iria nem comentar aqui. Ando de muletas, dói um pouco, é chato. Mas e daí?

Só que no Sábado, meu pequeno cachorro quebrou a pata. Isso sim dói demais. Chorei como um filhote desmamado. Chorei também pois briguei com uma grande amiga de cujo colo o Zeeko saltou.

Sunday, August 26, 2007

Hippies

Um slide de fotos interessantes de hippies.

AQUI
Em inglês.

Porque quem nunca pensou em largar tudo e ser hippie não deve ser alguém de bom coração.

Thursday, August 23, 2007

De volta

...E na volta às aulas a tia da escola falava: Façam uma redação com o título Minhas Férias. Eu pensava: Que coisa, como é que eu vou resumir tudo de bacana que fiz nas férias numa redação. Mas, agora crescido acho até divertido fazer esta redação, então estão aqui três redações possíveis:

Minhas Férias

Eu procurei mas não achei o anão Tatoo gritando: O avião, o avião, o avião!. Mas acho que só faltou isso em Punta Cana.

Ficar num resort onde tudo está incluído no preço do pacote é bom demais. Cria-se um mundo paralelo onde não se precisa de dinheiro para comer ou beber. Nas areias brancas banhadas de águas azuis ou nos caminhos arrumados entre os belos jardins há sempre um funcionário do resort para entreter você, sugerir algo, ajudá-lo com algo ou simplesmente para sorrir e fazer você se sentir bem-vindo.

Lá pelo quarto dia com o mesmo sorriso de felicidade do primeiro dia e ainda impressionado com toda a organização do lugar percebi algumas coisas. Que por mais que tudo estivesse sempre limpo e arrumado não se via pessoas fazendo manutenção. A agenda do resort quer que este tipo de impacto no bem-estar dos hóspedes seja o mínimo. Também notava-se que a professora de merengue que começava a chacoalhar às oito horas da manhã estava ainda se mexendo às dez da noite.

Mas vocês não dormem não?!
Sorrindo sempre super simpáticos: Pois é, tudo para melhor servi-los.

Imagem 1: Christopher sendo massageado após mergulhar em águas transparentes pensa na lagosta que comerá mais tarde acompanhada de um vinho francês.

Imagem 2: Raul varrendo o chão às quatro da madrugada. O mesmo chão por onde os colonizadores arrastaram os antepassados dele, os primeiros negros escravos. Tudo tem que estar limpo para os turistas portugueses e espanhóis.

Minhas Férias

Foi muito bom estar em Santo Domingo.

Gosto das putas de vintão nas ruas, dos bares cheios de velhos barrigudos e jovens baladeiros, da malandragem do taxista que cobra de acordo com a cara do sujeito, do sorriso branco das meninas morenas, dos prédios romanticamente deteriorados.

Me senti em casa.

Minhas Férias

Eu acho furacões fascinantes. Torço por eles.

Adimiro aquelas imagens de satélite no telejornal, os cientistas metereólogos tentando calcular para onde ele vai, as pessoas discutindo se este chagará a ser um furação nível 5. Talvez eu goste tanto de furacões porque dão-se nomes de gente a eles. Não se dá nomes a terremotos por exemplo.

Eu fiquei preso sem poder sair da Ilha Hispaniola. O painel de vôos no aeroporto mostrava ao lado de todos os vôos a palavra CANCELADO. Com letras garrafais assim mesmo. Só tinha visto algo assim antes em filmes.

No quarto do hotel sem telefone ou internet eu seguia o furacão pela CNN em espanhol. Em intervá-los ia para a varanda fumar um charuto Cohiba dominicano e apreciar o mar revolto, o tempo cinza e sentir o vento que passava por ali perto. Foram três dias assim.

O Dean que era o responsável por isso. E eu mesmo assim, ou talvez ainda mais por isto, continuava torcendo por ele. Queria que ele crescesse, causasse alguma destruição fenomenal, que entrasse pra história. Ele seria como um conhecido famoso. Afinal o Dean foi meu único companheiro naqueles dias em Boca Chica. Toda vez que falassem do Dean eu diria com orgulho: Compadre meu.

Thursday, August 09, 2007

Férias

Minha mente fica pregando truques em mim. Tenta me convencer que eu preciso levar meus meios de comunicação com o mundo, que não existe maneira de passar uma semana sem eles. Como esquecer de tudo e deixar meu laptop e celular Blackberry em casa e ser feliz?

Bem, se eu não escrever mais nada nos próximos dias vocês saberão que fui forte o suficiente para tirar umas férias verdadeiras sem estas inconveniências eletrônicas.

PS. Se você quiser me achar clique aqui. Lugar do cacete!

Thursday, August 02, 2007

Medos

O homem de Neandertal tinha medo de água, ou melhor estar debaixo d’água se afogar e morrer. Ele tinha também medo do escuro, pois era quando ficava mais vulnerável a predadores. O desenvolvimento destes medos entre outros é o que trouxe nossa espécie até o aqui e agora recheado de outros medos. Medo de não suportar a carga de trabalho, medo de perder o emprego, medo de não ter o dinheiro para pagar as contas no fim do mês. Modernamente chamamos o desgaste em lidar com estes pequenos medos diários de stress.

No próximo final de semana para desestressar vou brincar com aqueles medos pré-históricos incrustados nos nossos genes e partir para um mergulho de scuba à noite.


Foto Googlada

Tuesday, July 31, 2007

Trabalho insalubre

Meu irmão trabalha em uma mina de carvão e eu sou um analista de sistemas.

As perguntas mais comuns sobre o trabalho do meu irmão envolvem insalubridade.

Olho pro meu irmão e vejo um cara saudável e forte, com uma boa postura, musculatura firme, pele bonita, sorriso largo.

Eu, um animal corporativo de carga média diária de trabalho de 9 horas na frente de um computador, estou barrigudo, estou ficando corcunda, estou desbotado pela falta de sol e minha mão direita tem dores estranhas causadas pelo uso do mouse e do teclado. Acho até que a capacidade de focar objetos além dos 40 centímetros onde fica a tela do laptop está ficando debilitada. Sem contar todo o desgaste psicológico de se perceber que se será um bicho preso num cubículo por anos.

Isto sim é insalubridade.

Friday, July 27, 2007

OS INTERNALFAS

É sabido, porquanto os registros históricos nos contam, que, ao longo do decurso evolutivo da sociedade humana; que a uma nova técnica incorporada; a um novo método desenvolvido ou a um novo “melhoramento” na comunicação ou no que tange a confecção ou indústria de artefatos, objetos, moradias, armas, utensílios ou coisas do dia-a-dia, uma boa parcela dessa sociedade se via excluída do processo. Isto é, nem todos tinham acesso à novidade, mesmo que esta levasse anos para ser absorvida e utilizada pelo grupo humano que a criou. Não é difícil entender por que. Quando os Sumérios, por exemplo, criaram a escrita, ou os Egípcios passaram a registrar sua história através de hieróglifos, nem todos daquelas sociedades eram compelidos a usar tais meios de comunicação, não tinham necessidade de fazê-lo, não fazia parte do cotidiano da grande massa do “povo” utilizar escrita ou hieróglifos, a comunicação escrita não lhes trazia quaisquer benefícios, suas vidas domésticas e profissionais não precisavam dessa ferramenta nova. Só os próceres, como sacerdotes, escribas e nobres usavam a “novidade”. Os demais, grande maioria, passaram a ser analfabetos. Mesmo em épocas bem mais recentes como na Europa da idade média, os textos, livros, manuscritos e panfletos eram acessíveis a muito poucos, o povão vivia na escuridão do analfabetismo. A sociedade humana evoluiu e a escrita, foi, aos poucos, fazendo-se necessária, na medida em que criou sua própria demanda, isto é, a complexidade das relações entre povos, nações, grupamentos e indivíduos era de tal ordem que só a comunicação oral não era suficiente para suportar o gravame de tais interdependências. A palavra escrita se impôs, e os analfabetos, marginais da história, agora, ainda que maioria, deslocaram-se para as camadas menos aquinhoadas, formaram a multidão dos despossuídos, dos pobres, dos servos e escravos. O progresso social é implacável, não contempla aqueles que não o acompanham. Continuou o progresso a marchar com passos largos ao rufar de tambores das tecnologias novas, continuou a criar novidades e assimilar novos saberes e sucessão de necessidades impossíveis de serem absorvidas por todos. Chegamos à última década do século vinte e, na cauda da informática, veio a internet. Oh internet! Marco divisório entre os que sabem e os que não sabem! Fez surgir um universo paralelo no qual tudo existe e, do qual, aqueles que têm acesso tudo podem extrair, mas criou uma nova classe de excluídos, os INTERNALFAS, na qual me incluo. Nós, os internalfas, ainda somos como os sumerianos dos primórdios da escrita, não temos necessidade vital da internet, nossa vida não depende dela. Mas chegará o dia em que aqueles que não souberem utilizá-la não terão oportunidades iguais aos demais, serão os párias de uma sociedade tecnológica, serão cidadãos de segunda linha. Estarão à margem das atividades daqueles “escolhidos” que usufruirão do que a internet tem a oferecer, a sociedade estará dividida entre os internautas e internalfas, classes distintas de senhores e servos. É hora de acordar! Internalfas de todo mundo, adentrai o mundo internético, tudo que tendes a perder é a vossa ignorância! JAIR CORDEIRO LOPES (convidado)

Thursday, July 26, 2007

Taxiodermia

Taxiodermia:
(cs) sf (táxio+dermo+ia1) Arte que consiste em dissecar os animais mortos, para os conservar com aparência de vivos. Var: taxidermia.


- O quê que está acontecendo aqui? Que pouca-vergonha é esta?

Seu Joaquim, enfurecido, olhava para sua filha de 14 anos com aquele moleque que na semana anterior foi apresentado como um colega de escola que tinha vindo estudar matemática com ela. Os dois estavam nus na cama dela agora se cobrindo com o lençol.

Adriana nervosa como nunca esteve só conseguia chorar e dizer:

- Calma pai, calma pai.

- Calma coisíssima nenhuma. E tu muleque, como é que é teu nome mesmo, Maurício, né. Vem cá que a gente vai conversar.

Os dois deixam o quarto e Adriana chorando. Maurício tremendo e ainda abotoando os jeans. Os dois descem as escadas para a sala de estar.

- Senta aí. Ele empurra o moleque para uma poltrona ao lado de uma estante onde guardava seus pássaros empalhados.

-Seu...Seu Joaquim...

-Tu cala essa tua boca, não quero ouvir nem um pio seu muleque safado!

Maurício se encolheu de pavor como nunca havia sentido.

- Você tá vendo estes pássaros aí?! Vou fazer a mesma coisa com você muleque filho duma puta.

Sete anos se passaram.

Aquele dia teria sido como foram todos os dias dos últimos sete anos. Adriana era uma fantasma presa numa casa onde Joaquim passava o dia sentado em sua escrivaninha empalhando pássaros sem abrir a boca. Para Joaquim, ele não tinha filha.

Na época do desaparecimento do Maurício a escola toda imaginou o que teria acontecido pois Adriana também não voltou mais pra escola. Pensavam eles, os dois teriam mudado de escola por vergonha.

Mas Adriana logo não se preocuparia com mais nada disto. Teve bastante tempo para aprender com os livros do pai. E hoje ela faria questão de colocar seu amado Maurício na escrivaninha de seu pai e colocar seu pai na garagem onde Maurício tinha estado todos estes anos. Tudo estaria no lugar certo.

Tuesday, July 24, 2007

Papo Gay


Vindo de um curso técnico no Cefet-PR o curso de comunicação social na UFPR me parecia um protesto anti status quo. Talvez por que se lê Marx ou quem sabe porque se usa muita droga, cursos da área humana em geral tem esta característica de quererem mudar o mundo.

O resultado era que ser diferente, ser alternativo era a regra, era o lugar-comum nestes cursos. Vestia-se de maneira diferente do resto, lia-se livros que poucos leram, escutava-se rock finlandês, estas coisas. Acabavam ficando todos iguais, mas isto é outro texto.

Umas meninas levavam isto para um nível acima e de repente decidiam ser lésbicas. Se elas sempre foram, se eram bissexuais, não sei. O que importa é que ao anunciarem em alto e bom som que eram homossexuais seu nível de alternatividade, com perdão do neologismo, aumentava e elas gostavam da atenção. Além dos braços completamente tatuados, além de fumar maconha hidropônica, elas eram as mais diferentes de todos os diferentes porque eram lésbicas.

Li que um bar gay em algum canto da Austrália ganhou o direito por lei de barrar heterossexuais de adentrá-lo. A discussão então girou em torno de se este tipo de discriminação não é exatamente contra o que os grupos GLS de bandeira de arco-íris lutam. Eu quero ter todos os direitos que um não-gay tem, mas eles que não venham dividir uma cerveja comigo.

Já comentei aqui no Ornitorrinco sobre algo nesta linha que aconteceu comigo.

Há uns meses, passei uns dias na casa de um amigo em Boston. Ele por algum mistério da natureza social atrai várias lésbicas para sua volta para serem suas amigas. (Para sua infelicidade raramente uma das suas amigas dá pra ele).

Fizemos uma festa e convidamos as amigas dele. No meio da noite os convidados eram várias das meninas lésbicas cercadas por caras que pela maneira que as cantavam, não eram gays. Uma delas de uns 20 anos e de atitude bem marrenta olha pra mim, do outro lado da sala, e com a atenção de todos pergunta: Você parece ser legal, mas você não é gay, é? Naquela hora me veio a imagem das menininhas da Federal que se achavam melhor porque eram gay. Lembrei também do dia que fui recriminado num bar por não ser gay. Porém não tenho nenhum tipo de sentimento contrário a gays, então elaborei a seguinte resposta:

- “Eu não acredito nestas coisas”. O povo em volta parou e ficou me olhando com cara de “O que que este cara está falando?”.

Se uma mulher fez sexo com outra uma só vez, ela passa automaticamente a ser homossexual? Se um sujeito pensou sobre outro homem com algum tipo de desejo, ele é gay? As meninas que dão beijo na boca umas das outras mas não fazem sexo são lésbicas? Acho que o conceito de ser gay ou não não existe. É um pensamento, como diriam meus colegas comunicólogos, muito positivista.

- “Em suma, eu nem entendo o que sua pergunta quer dizer.” Ela se calou, fui parabenizado por uns dois e de alguma maneira senti que fiz um favor para ela e para todos do mundo gay, se é que isto existe.

Saturday, July 21, 2007

ACM

No meio de tanta tragédia uma notícia boa: ACM morto!

Monday, July 16, 2007

Whoever has the most toys wins

Aqui nos EUA o lema para muitos é que na vida quem tem mais brinquedos ganha. Isto é, aquele que conseguir comprar a maior casa e enchê-la de carros, motos, barcos, TVs, computadores teve uma vida plena e completa. Acreditem, muita gente pensa assim aqui. Reflexo de uma cultura capitalista, materialista, consumista.

Eu como vocês podem imaginar não penso assim. Numa frase resumida como esta, diria que ganha quem teve o maior número de experiências variadas e de algum modo com elas aprendeu.

E vocês como pensam?

Friday, July 13, 2007

Muito indignado

Há um tempo atrás publiquei um texto chamado Indignado quando lamentava que o site Nomínimo, o melhor site de opinião do Brasil, poderia morrer por falta de patrocínio. Pois bem, o Nomínimo morreu.

Não sou muito de teorias conspiratórias mas ás vezes parece mesmo que a elite brasileira, que tem o poder e a grana para patrocinar inteligência, quer mesmo que o povo viva de bundas e novelas.

Aqui, no estilo do Nomínimo, leio o Slate (em inglês). Lá encontro vida inteligente neste país aqui que também precisa de uma sacudida no status quo.

Tuesday, July 10, 2007

Não se pode ter tudo

Demorou mas finalmente fui conhecer o litoral texano.

Por que não ouvimos falar em surfistas texanos? Afinal o Texas tem uma linha litorânea tão extensa quanto a catarinense somada à paranaense.

Por que não há invasões de turistas todos os anos em busca das praias do Texas? Afinal o mar é o do Golfo do México, quase Caribe.

Agora fica fácil entender. Galveston, a praia para a qual eu fui, me contaram é como a maioria das praias daqui: areia marrom coberta de algas marrons banhadas por uma água marrom.

E eu que reclamava do litoral paranaense...

Monday, July 02, 2007

Uma prova de amor em 2039

O jantar tem que estar perfeito pro aniversário dele. Ela pensava. Como ele era perfeito. Seu aniversário merecia tudo de melhor que ela pudesse fazer.

Ela estava feliz, ele sempre foi perfeito para ela, ou melhor, o mais perfeito que um ser humano pode ser. Talvez o mais perfeito que qualquer coisa em geral. Me chateio muito mais com meu lap top por exemplo. Pega vírus, tem a conexão lenta e me incomoda.

Hoje o que importava era dizer o quanto ela o amava e o quanto seria maravilhoso continuar sendo sua mulher nos aniversários dele de 40, 50, 80 anos.

Mais tarde, à mesa:

- Minha linda, hoje eu tenho que lhe contar algo.

Aquela afirmação soou carregada.

- Que foi meu amor?

Ele então disse:

- Eu menti quando disse que meus pais haviam morrido quando eu tinha um ano de idade.

- Como assim, não estou entendendo.

- Eu nunca tive pais.

- Você sempre foi órfão, sua mãe morreu durante o parto?

- Não nada disto. Eu fui criado em laboratório.

Ela dá uma risada, um pouco nervosa. Ele sempre faz piadas, mas algo está estranho no seu tom de voz.

- Pára, Amor, coisa sem graça. Que besteira.

Ele sem sorrir, força para parecer o mais calmo e sério que consegue. Sim, ele era bem brincalhão gostava de gozações mas aquele era o momento por qual esperara desde que aprendeu sobre sua criação. Ele tinha 20 anos quando entendeu como tinha sido criado. Agora estava pronto para dividir aquilo com alguém.

- Bem, vamos lá. Há muitos anos o homem tenta entender como a vida surgiu. Desde 1953 uma experiência chamada Urey-Miller simula as condições da terra há bilhares de anos atrás aplicada a elementos básicos e tenta fazer com que um microorganismo vivo surja de elementos inorgânicos. Átomos de carbono, hidrogênio, oxigênio e o nitrogênio são sujeitos a diferentes condições de temperatura, pressão e corrente elétrica. Mas nunca tinha sido possível criar nada vivo.

- Isto até 2009, a trinta anos atrás. Pela primeira vez criou-se uma célula viva em laboratório partindo daqueles elementos. Esta célula foi chamada Pó Zero e tinha todas as funções de uma célula normal. Era como qualquer célula controlada por genes de proteínas. Era como qualquer outra célula que agora me compõe.

- A tecnologia para se clonar uma célula viva há anos existia, então depois de criada, a Pó Zero foi facilmente clonada para servir de zigoto. Implantada num útero, a natureza seguiu seu rumo, e bem, eu estou aqui.

- Então eu não entendo. Qual a diferença entre você e eu?

- Nenhuma. Com exceção que você sempre foi matéria viva, mesmo com seus genes divididos entre seus pais, você sempre foi matéria viva.

- Quer dizer, se voltarmos no tempo partindo dos seus pais, passando por seus avós, bisavós, por dezenas de milhares de gerações, até chegarmos às primeiras espécies de quase-humanos, voltarmos mais alguns bilhões de anos até os primeiros seres unicelulares, em algum momento você como eu não era orgânica.

- Agora sim linda, eu posso fazer uma piadinha: Na verdade a diferença é que eu sou mais ou menos 4 bilhões de anos mais novo que você.

Ela ri, ele sorri. Ele estava feliz. Queria dividir isto com ela. Amava ela e queria sim passar o resto da sua vida ao lado dela, até o dia que voltaria a ser inorgânico.

Saturday, June 30, 2007

São 13 os países nos quais estive


Para os navegantes desavisados:O Alaska está destacado pois faz parte dos EUA, no estado do Alaska propriamente nunca estive infelizmente.

Thursday, June 28, 2007

Bush e a lei de imigração

O presidente Bush apóia algo, logo este algo não deve ser coisa boa.

Um raciocínio simples, direto e na maioria dos casos prático. Eu mesmo aqui no Ornitorrinco já afirmei baseado nele.

Acontece no entanto que ás vezes o Sr. George Bush cai pro lado do bem. A chamada lei de imigração na espera para ser aprovada pelo senado é o caso. A lei instantaneamente daria status legal aos mais ou menos 12 milhões de imigrantes ilegais nos EUA. Obviamente, há uma série de obrigações e ações que os imigrantes terão que tomar para continuarem tendo direito ao que será chamado visto Z. Mas de qualquer modo é melhor que nada, é algo que precisa ser feito e precisa ser já. O presidente Bush desta vez está certo, mas como a cagada é sua marca pessoal, a população em geral, o congresso e o senado seguindo aquele raciocínio não estão gostando da proposta de lei.

Sunday, June 24, 2007

Curtíssimos Filmes

Contos minúsculos já são tradição no Ornitorrinco (veja contos minúsculos 1, 2 e 3)

Agora uma nova série começa: Curtíssimos Filmes.

"O reflexivo Cowboy"

2007, Texas, um cowboy num bar. Quais são suas dores? Quais são seus sonhos? No que ele pensa? Quem ele é?





Esta é uma obra de ficção, qualquer semelhança com fatos reais é mera coincidência.

Wednesday, June 20, 2007

Orçamento no Papel ou Hoje é um Dia Triste

Hoje é um dia triste.

Quase aos trintas, pela primeira vez na vida construi no Excel uma planilha de controle do meu orçamento. Os números que compõem meus créditos e débitos são auxiliados por fórmulas e cores para que representem meu presente, passado e futuro financeiro da maneira mais precisa possível.

Até 2009, posso presumir quando posso gastar e quando é melhor economizar. Chatíssimo.

Hoje, minha vida financeira passou diante dos meus olhos. Não tive muito, mas não faltou nada. Fazia e comprava o que queria sem o auxílio de qualquer planilha, nem qualquer planejamento mais sério pra ser sincero. Era sempre uma surpresa quanto eu realmente tinha. Minhas decisões de se eu poderia gastar ou não eram portanto subjetivas com um Q romântico, quase poéticas e artísticas. Passionalmente eu pensava; Vou comprar este Bob porque eu preciso ouvir “Redemption Song” várias vezes seguidas e tem que ser hoje. Vou tomar mais uma Bohemia ou mais uma dúzia porque esta menina é muita gata e está quase muito bêbada. Depois eu ia conferir se podia ou não ter gastado.

Em geral, considero que cheguei num lugar confortável e o mais importante: eu fui um cara despreocupado. Levar a vida era como pintar um quadro abstrato ao estilo Pollock e agora passará a ser tão sem-graça como decorar a tabuada. Daqui pra frente serei mais sério, perderei a espontaneidade, estarei sempre me perguntando se cabe no meu orçamento, não terei mais surpresas boas, minhas surpresas serão sempre negativas do tipo: perdi o emprego ou caí doente ou bati o carro e isto complicou meu orçamento.

Hoje é portanto um dia triste.

Tuesday, June 19, 2007

Carro e acessórios

Comprei um carro. É um carro simples, pequeno, barato, econômico, não tem nada de especial sobre ele, seria o quê no Brasil chamamos de carro popular.

Aqui no entanto ele vem com alguns acessórios a mais do que um carro básico no Brasil. Enquanto assinava a papelada do contrato fiquei lembrando do meu último carro no Brasil, que também tinha comprado zero: um Celta. Meu Celta veio pelado com exceção de dois itens cobrados extra: os pára-choques pintados e os malditos tapetes!

Cobrem os tapetes no preço final do carro, mas não me coloquem eles detalhados na nota pelo amor de São Cristóvão! O que que tem de tão especial nos tapetes que eles tem que ser cobrados em separado? Porque não cobram os bancos então ou o forro do teto? É pro vendedor ter uma margem de negociação? Desse modo ele pode falar: “Tá bom, a gente não vai te cobrar os tapetes”?. Vá a merda!

Por isso eu estava lá feliz da vida em ter comprado um carro básico que já vinha com ar-condicionado, trio elétrico, direção hidráulica, air-bags entre outras coisitas. Até o momento que olho pra nota e (adivinhem!) os malditos tapetes são cobrados a parte!

Saturday, June 16, 2007

Na entrevista pra emprego

Multifuncionalidade e pró-atividade são palavras mágicas no mundo corporativo. Se não perguntarem diretamente a você numa entrevista de emprego, dê um jeito de falar o quanto você é multifuncional e pró-ativo.

Multifuncionalidade não só sugere que você tem conhecimento sobre várias áreas e tem capacidade de trabalhar em cada uma delas em separado, mas que você irá certamente trabalhar em todas elas ao mesmo tempo e ao tempo todo.

Pró-atividade seria a capacidade de prever problemas que poderão acontecer e antes que eles surjam você já estará trabalhando para que, veja bem, eles não surjam.

Que monte de baboseira.

Pelo bem de minha carreira, eu como um carneiro digo que sim sou um empregado pró-ativo e multifuncional. Sou tão bom, que digo isto antes de o entrevistador dizer bom-dia e digo isto ao mesmo tempo que danço lambada e leio Hamlet.

Mas na verdade não acredito nisto e não trabalho assim.

Se você me permite, com sua licença, eu vou começar minha apresentação de powerpoint só depois que eu terminar de elaborar esta planilha de excel. Ser pró-ativo como? Estamos ainda apagando os incêndios do semestre passado.

Impressões de Austin

















Fotos minhas

Saturday, June 09, 2007

Novo blog para ser lido com frequência

Hoje li o mais recente post do blog Doutor Plausível. O blogueiro analisa de maneira bem original o como a ênfase fonética das palavras pode determinar o porquê alguns países são mais tecnológicos que outros. Os países de línguas germânicas dão ênfase ao significado original das palavras, enquanto os países latinos dão, muitas vezes, mais importância paro o sufixo. Isso nos faz mais enroladores e os americanos mais diretos por exemplo. Bem, tem que entrar lá e ler para entender.

Foi a primeira vez que entrei lá. Gostei e voltarei mais algumas vezes para ver se virarei um leitor diário.

PS. Pena que o autor usa muitas abreviações e letras maiúsculas desnecessárias.

Thursday, June 07, 2007

Começa na semântica

Tenho alguns amigos desempregados no Brasil. Eu também passei desconfortáveis períodos de desemprego.

Aqui não tenho amigos desempregados, mas conheço uma menina que está between jobs, isto é, entre empregos.

Tem toda uma carga de confiança no futuro neste último termo.

São pequenas coisas como estas que apaziguam as preocupações da vida.

Wednesday, June 06, 2007

Mendigos vestidos de Augusto

Muitos aqui em Houston não vêem mendigos com frequência. Estes muitos moram naqueles bairros de casas de quintais sem cercas e pegam uma highway para ir para o trabalho. Portanto, muitas vezes eles esquecem que existem mendigos.

Eu moro bem próximo ao centro da cidade recheada de mendigos e não dirijo, caminho para o trabalho. Portanto vejo vários mendigos todo dia.

Não é costume dar roupas velhas por aqui. Simplesmente as pessoas jogam no lixo o que não querem mais, roupas, móveis, eletrodomésticos.

Vindo de uma criação católica-brasileira eu sim doo minhas coisas usadas, como imagino muitos de vocês fazem.

Pois bem, tudo isto para dizer que como se quase fosse um manifesto humanitário de “Somos todos iguais”, cada vez mais vejo mendigos vestidos de Augusto pela cidade.

Tuesday, June 05, 2007

Star Wars

Em Austin, capital do Texas, uma caixa do correio pintada como o R2D2.


Foto minha



Desde criança ele é o meu personagem predileto desta série de filmes.

Você tem um favorito na trupe de Star Wars?

Monday, June 04, 2007

Indignado

Quando o sujeito começa um texto de opinião com "Eu amo meu país, mas.." sabe-se que vem bomba, sabe-se que vêm crítica indignada.

Pois bem:

Eu amo meu país, mas como pode um site recheado de ótimos jornalistas como o Nomínimo estar correndo o risco de fechar as páginas por falta de patrocínio?

Hoje tomo conhecimento que o site pode não ter mais atualizações.

Sou um leitor e divulgador do site há pelo menos 3 anos. Ler Arthur Dapieve, Guilherme Fiuza, Ricardo Calil, Tutty Vasques e Zuenir Ventura entre outros de graça, não tem preço. A turma do nominimo.com tem a liberdade de soltar as idéias como querem sem ter que se preocupar com a quase-censura dos grandes meios. Levem em conta que aquelas idéias vem de grandes cabeças.

Bem, fico chateado que o sistema como um todo no Brasil não permite que a inteligência seja bem remunerada. O que fatalmente leva este sistema a se retroalimentar de ignorância e por consequência nunca evoluir para melhor.

Friday, June 01, 2007

Não sabe brincar, não brinca

Todo o conceito do concurso Miss Universo é baseado em marmelada. É assim que funciona. Por isso acho engraçado a candidata brasileira reclamar que houve lobby japonês na escolha da vencedora.

Alergias

Imigrar para outro país depois de velho tem seu preço. Como meu sistema imunológico não foi curtido no ambiente daqui, percebo que desenvolvi umas alergias que nunca tive antes a pólen Texano. Saco.

Tuesday, May 29, 2007

Deu nos jornais

Inaugurou hoje um museu em Kentucky que conta a História da criação da terra e da vida nela do ponto de vista evangélico. A verdade, como conta a Bíblia, é que o universo inteiro foi criado em 7 dias.

Uma série de exposições pseudo-científicas mostram por exemplo uma Arca de Noé com diversos casais de bichos mecanizados. E pra que fique de acordo com descobertas paleontológicas tem dinossauros na arca também.


Site do museu aqui

Minhas simpatias à alopatia

Prólogo:

Ao ler esta crítica tenha em mente que eu sou um cara que ama a natureza, adora salada, defende as baleias, abraça árvores e caminha ao invés de dirigir.

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Uma amiga contraiu uma espécie de parasita no pé e ficou um tempo tentando se curar tomando remédios homeopáticos.

O naturalista canadense do show Survivorman do Discovery Channel teve uma doença intestinal causada também por um parasita e, como minha amiga, não se rendeu aos tradicionais antibióticos.

O que os dois tem em comum além do azar? Os dois foram bem teimosos por bastante tempo. Só quando a doença piorou bastante e eles perceberam que a homeopatia não os estava livrando de suas argruras eles se renderam à alopatia.

Como se sabe na homeopatia usa-se o remédio extremamente diluído água. Tão diluído que muitas vezes nem uma molécula do ingrediente ativo permanece na mistura. Os médicos homeopatas explicam, então, que a água “memoriza” as características da substância que nela estiveram.

Uma besteirada. Não há provas científicas disto.

Num mundo perfeito onde não estaríamos sujeitos aos vários tipos de agrotóxicos e conservantes nos alimentos e poluentes no ar e na água a homeopatia talvez funcionasse. Neste mundo até o pensamento positivo ou remédios placebos funcionariam. Mas no mundo real nosso, prefiro confiar nas pílulas alopáticas mata-tudo mesmo.


Na minha opinião a homeopatia é um café-da-tarde de criancinhas com xícaras, pires e bules de plástico. Serve-se ar como se fosse café para os convidados.

Sunday, May 27, 2007

Spams

Não paro de receber Emails de Nigerianos precisando depositar milhões de dólares na minha conta.

Já estou com saudades dos ladrões de orgãos das banheiras de gelo.

Quer alugar um bom filme?

Na locadora procure por qualquer filme que tenha folhas de louro na capa. Um bonequinho careca não é garantia.

Saturday, May 26, 2007

Deu nos jornais

- De cada 100 casais que se formam oficialmente aqui nos EUA, 55 serão separados somente pela morte de preto com uma foice na mão. Os outros 45 serão separados por um Juiz.
Nesta estimativa não entram casais que moram juntos, mas não são casados no papel. Casos onde provavelmente a porcentagem de separações é maior.

- Um jornal da Califórnia está terceirizando a cobertura de notícias políticas locais para a Índia. A razão é obvia, os salários lá são mais baixos. A explicação de como fazer isto também não é dificil de entender. As discussões nas assembléias legislativas são transmitidas via internet e as entrevistas feitas por email.

Monday, May 21, 2007

Este é um texto completo

Por que dizem que não se pode começar um texto com uma pergunta? E terminar perguntando, pode?

Motoristas

“Eu adoro __________, minha cidade, mas como o povo daqui dirige mal!”

Preencha a lacuna com o nome da sua cidade qualquer que ela seja e a frase está certa.

Já dirigi em Curitiba, São Paulo e Rio de Janeiro e Paris, Nova York e Lisboa.
O quê todos os motoristas destes lugares tem em comum é que eles todos reclamam de como os motoristas de lá dirigem mal.

Uma conclusão lógica a que chego é que o homem enquanto espécie não sabe dirigir. Ponto final. É uma incapacitação física. Seria como esperar que o ser humano respirasse debaixo d’água.

Mais uma evidência: O carona, sempre, em todos os casos dirige melhor que o motorista. O carona percebe a melhor hora de freiar e acelerar. Troque o carona pelo motorista e a afirmação continua válida.

Talvez, na verdade, a arte de dirigir exija um distanciamento espacial. Dirige-se bem o carro dos outros. Pensa-se: "Se eu estivesse naquele outro carro ali, não faria isto”. Mas aqui no meu carro faço a mesma besteira que o próximo.

Uma última conclusão também provável é que todos dirigem bem. Sim, só não podemos ter nada em nossa volta. Nada de carros, pedestres, postes, meios-fios ou curvas.

Então, se conselho vale, pare de reclamar porque aquele barbeiro também está chamando você de barbeiro. Pode ter certeza.


Ilustração googlada

Sunday, May 20, 2007

Como pode?

Eu sou tão cético, tão crítico, tão chato que me deixa perplexo o fato de eu ter tido sempre alguma namorada do meu lado.

Thursday, May 17, 2007

Email para mim

São 2:45 da tarde:
Estou muito assustado. Acabei de receber um e-mail vindo da minha própria conta do yahoo:

“Caro Augusto,

Eu sou você no futuro. Não um futuro distante, apenas alguns minutos. São 3 horas da tarde exatamente e escrevo pra você para prepará-lo para algo. Você deve receber este e-mail exatamente às 2:45. Pois foi esse o horário que eu recebi este mesmo e-mail.

Você irá morrer às 3:01 desta tarde a não ser que você escreva um email para o Augusto das 2:45 com as seguintes instruções:”


Acabou assim o e-mail. Não tem mais nada escrito. Porque eu no futuro não terminei de escrever? Será que eu morri antes de terminar o e-mail? Envio um e-mail perguntando sobre as instruções e recebo um outro e-mail sem uma resposta esclarecedora.

São 2:50
E agora o que eu faço? Quais são as instruções? Devo escrever o e-mail e enviá-lo às 3:00 mesmo sem as instruções?

São 2:55
Copiei e colei o e-mail num novo e-mail e vou mandar para o eu das 2:45. Mas ainda faltam as instruções. Vou mandar assim mesmo.

São 3:00
Acabo de enviar o e-mail. E recebo uma pergunta vinda do Augusto das 2:45:

“Quais são as instruções?”

São 3:00 e 30 segundos
Ainda tenho tempo de responder antes de morrer:

“E eu que vou saber?”

Wednesday, May 16, 2007

Jerry Falwell

“A AIDS é a fúria de um Deus justo contra os homosexuais.”

Esta frase famosa nos Estados Unidos nos anos 80, quando a AIDS se espalhou, virou bandeira anti-gay de muitas pessoas pelo mundo. O autor dela foi Jerry Falwell um influente pastor cristão.

Ele faleceu na semana passada e aqui deixo um exemplo de frases sobre as idéias que ele pregava e que ainda povoam várias cabeças por aí.


Sobre Feminismo: “Eu ouço as feministas e todas estas garotas radicais…Essa mulherada só precisa de um homem em casa. É só isso que elas precisam. A maioria das feministas precisa de um homem para falar pra elas que hora do dia é e levá-las pra casa. E elas não ligam e elas ficam bravas com todos os homens. Feministas odeiam homens. Elas são sexistas. Elas odeiam homens, este é o problema delas.”

Sobre as escolas públicas: “Eu espero viver par ver o dia que, como antigamente, nós não teremos escolas públicas. As igrejas irão se apoderar das escolas e Cristões as estarão adiministrando”

Sobre a separação do Estado e igreja: “Não existe separação entre Estado e igreja”

Sobre o Islamismo: “Eu acho que Maomé era um terrorista. Eu li bastante sobre a história da sua vida, escrita por muçulmanos e não-muçulmanos, que ele era um homem violento, um homem de guerra.”

Sobre os Judeus: “Na minha opinião, o Anticristo vai ser uma cópia-fraude do verdadeiro Cristo, o que quer dizer que ele vai ser homem e Judeu, já que Jesus era homem e Judeu.”

Sobre o aquecimento global: “Eu posso lhes garantir, nossos netos vão rir daqueles que previram o aquecimento global. Nós estaremos em esfriamento global até lá...Eu não acredito em aquecimento global. Essa coisa toda foi criada para destruir o sistema livre empreendedor da América e nossa estabilidade econômica.”

Que Deus o tenha!




Fontes: Slate.com e Wikipedia.org

Sunday, May 13, 2007

Causa e efeito

O viagra a princípio é para alguém que quer fazer sexo mas não consegue. Toma-se para conseguir fazer sexo.

Mas o primo do amigo de um conhecido meu disse que se você consegue fazer sexo mas não está com vontade e toma um viagra você de repente fica com muita vontade e sai feito um louco procurando uma parceira.

Tuesday, May 08, 2007

A última instituição tradicional respeitadíssima.

Fiz uma pesquisa com alguns dos meus melhores amigos sobre o que eles pensam sobre o casamento. Eles, o universo de intrevistados, são: homem gay, mulher gay, cheirador de pó, nerd em informática, maconheiro, imigrante ilegal, hippie, ateu e adúltero. Algumas pessoas tinham mais de uma características destas e uma característica poderia ser aplicada a mais de uma pessoa. Na verdade pode ser que tudo isto seja uma pessoa só. Mas não importa.

O que importa é que o resultado foi: 100% levam bastante a sério a instituição casamento. Eles acreditam que deve-se casar e tentar ser feliz pra sempre.

Me chamem de careta mas eu achava que este conceito de casamento só existia entre os evangélicos e os feios e gordos.

Daí me ocorreu algo. Não estaria a origem da infelicidade de muitos casais justamente na fé no casamento perfeito e eterno? Mais ou menos assim: Estou casado e esta pessoa aqui do lado me incomoda bastante. Não sei se a amo mais, aliás nem sei se foi amor que nos trouxe até aqui. Pode ter sido só um longo período de tesão por exemplo. Mas agora não posso sair deste relacionamento pois criei uma prisão mental, afinal sempre acreditei que o casamento deveria ser pra sempre e perfeito.

Como é que se pode ser feliz?

Claro que alguns dos pesquisados são solteiros e ainda guardam o “sim” para a pessoa certa que aparecerá mais tarde ou mais tarde. Portanto eles ainda não podem ser completamente felizes agora pois isso só será possível quando encontrarem a pessoa com a qual vão casar, mesmo que o casamento os leve a ficar amargurados até a morte.

Ps. Procurei o solteiro feliz e o casado feliz, mas eles não acreditavam na instituição casamento portanto não entraram nesta pesquisa.

Monday, May 07, 2007

Grama verdinha em quintais sem muros

Eu devo mesmo ter algum problema.

Sabe aqueles bairros de casas sem cercas ou muros, com grama bem verdinha e bem cortada no quintal da frente? Aqueles tipos de bairros americanos como o do filme “Edward Mãos-de-Tesoura”. Bem, enquanto alguns ao ver toda aquela beleza e organização que parecem de mentira imaginam a alegria dos moradores e o mar-de-rosas que suas vidas devem ser, eu bem pelo contrário quando passo por um bairro assim aqui em Houston fico imaginando que tipo de doenças da alma não estão escondidas atrás daquelas paredes. Quantos pedófilos não estão numa sala-escritório sentados numa poltrona de couro caçando por crianças na internet? Será que aquele senhor pegando o jornal jogado pelo entregador não tem o desejo de matar sua esposa e filhos? Aquele outro ali lavando o carro é um comedor de carne humana?

De novo, eu devo mesmo ter algum problema como dizem minhas ex-namoradas.

Saturday, May 05, 2007

Baleias no Discovery Channel

Porque eu adoro Discovery Channel? Por que neste momento, num sábado a tarde de preguiça absoluta posso assistir um ótimo documentário sobre o que acontece com os corpos de baleias mortas por causas naturais. Sabia que elas morrem e afundam? Pois então os pesquisadores tentam entender a importância destes gigantescos cadáveres para os sistemas ecológicos nas profundidades.

Discovery dez!

Crawfish e Zydeco

O Crawfish é um crustáceo. Esta frase faz um bom começo pois é difícil explicar o que é o bicho. Ele tem a aparência de uma lagosta no formato e cor mas é do tamanho de um camarão. Um camarão médio. Detalhe, o crawfish dá em água doce. E como agora está óbvio, não tem nada de peixe. A primeira vez que me perguntaram se eu já tinha comido crawfish fiquei imaginando que cara teria aquele peixe. Seria algo como um bagre? Não sabia nada.

Pra cozinhar estes bichos usa-se água fervente com um tempero bem picante. Pra servir na maneira tradicional coloca-se um balde como os baldes de metal que se acha em áreas de serviço na mesa. Dentro estão os crawfishes mais uns pedaços de milho e batata para acalmar a boca quando começa a ficar picante demais. Pra comer quebra-se a casca do rabo do bicho com as mãos. Como se faz com o camarão, só que a casca aqui é bem dura. Faz uma sujeirada. Os comedores “profissionais” pegam a cabeça e a chupam enquanto a espremem. É de acordo geral que o melhor sabor sai dali, mas a dúvida que faz pouca gente fazer isto é o quando isso é limpo pois a princípio é ali que estão os intestinos do crustáceo. Eu chupei algumas cabeças e gostei. Se você estiver se perguntando: a resposta é sim, também tem as piadinhas quando se chupa as cabeças o que só diminui o número de apreciadores.



Foto minha

O zydeco é um estilo de música com origem no estado da Louisiana. Lá é bastante popular principalmente entre a população negra descendente de escravos. O ritmo é de batida rápida e uma música emenda na outra. Um instrumento que não pode faltar numa banda de zydeco é uma chapa de metal ondulada, como aquelas que se usa para lavar roupas. Essa tábua de lavar cujo nome verdadeiro desconheço é pendurada no pescoço e se aranha com dois pauzinhos produzindo som.

Foto minha

Final de semana passado fui num festival comer crawfish e escutar zydeco. Coisas autênticas como estas ás vezes são difíceis de se encontrar numa terra onde muito é produzido em série. Gostei bastante.