Sunday, December 31, 2006

Minha primeira vez sem um caixa de supermercado

O sujeito senta a uma mesa em um restaurante. Com grande trabalho um cozinheiro ou uma equipe está preparando numa cozinha quente um prato único pedido naquele momento. Daí um garçom leva o prato até você, pergunta se a comida está boa no decorrer da refeição. Depois de trazer a conta até você ainda alguém da casa é capaz de abrir a porta na saída. Você deixa suas louças para serem lavadas.

Minha primeira conclusão é restaurantes não são iguais a supermercados.

Não tem niguém empurrando seu carrinho.Um funcionário poderia bem pegar suas compras na prateleira. Poderia haver alguém que sugerisse os melhores produtos. Mas nada disso, bem o que eles fazem é pegar no caixa seu pobre dinheiro enquanto passam suas compras pelo leitor ótico.

Quase nada na área de prestação de serviços. E agora nada, nada mesmo.

Semana passada. Fiz todo o processo. Inclusive passar os produtos (e o cartão de crédito)nos devidos leitores.
Foi num Wal Mart. Numa quarta-feira em 2006.

Segunda conclusão óbvia: Meus filhos não conhecerão caixas de supermercado.

Tuesday, November 14, 2006

Congresso Americano e Borat

O congresso americano tem agora democratas como maioria na casa. Enquanto isto nas salas de cinema o esculhambado e infame filme "Borat" caminha para se tornar uma referência cultural. Dois fatos aparentemente separados se encontram em algum lugar na maneira de pensar do novo americano.

Os estúdios da Fox lançaram Borat em apenas pouco mais de 800 salas na primeira semana de exibição com medo de que os mais conservadores do interior dos EUA não fossem rir das piadas extremente politicamente incorretas do personagem. O presidente Bush, segundo ele mesmo afirmou, até a véspera da eleição ainda achava que dava para os republicanos virarem o jogo apontado pelas pesquisas.

Se pudessemos sentar o grupo Fox numa sala de debate político eles estariam à direita juntos de George Bush. Primeira coincidência: ambos foram, bem, conservadores em suas previsões.

Muitos dos democratas eleitos defendem o casamento de gays, o direito ao aborto, são contra a guerra ou, até mesmo, a favor das drogas. Coisas que mais uma vez, se pudessemos sentar numa sala estariam à esquerda. No mesmo lado das piadas anti-religiosas, do humor do incesto, da comédia escatológica de Borat.

Monday, November 06, 2006

Pra onde me dirijo todo santo dia

Estou trabalhando em downtown Houston. E como disse uma colega: Não importa no que você trabalha, quando se trabalha em downtown parece que você chegou lá, venceu.

Na verdade verdadeira é bem esta a sensação mesmo.

Série: Contos Minúsculos 2

1
- Sim, fui eu. Porque ele era mais rico, mais bonito e chutou o meu cachorro.

2
No sétimo dia ele não descansou. Criou o anti-universo, igual ao outro só que perfeito. E o primeiro, o teste, a cobaia, o esboço, sonha em migrar para o segundo perfeito, simétr
- Amor, desliga isso e vem pra cama pra gente fuder.

3
Olhando para todos seus 50, talvez 60, frascos de perfumes ele imagina o que teria feito com aquele dinheiro gasto. Poderia estar gordo de pizza, poderia estar queimado de sol, mas não, estava cheiroso.

Casa, separa

Há um tempo publiquei aqui A Lista Ornitorrinco de Coisas que o Homem Deve Fazer Antes de Morrer.

À ela acrescento: Divorciar-se.

Casar é fácil, agora vá se divorciar e sinta o drama.

Tuesday, October 31, 2006

É isso

Como ando trabalhando de monte, na frente do monitor toda hora, todo dia (mesmo, faz mais de um mês que não tenho um final de semana) chego em casa e blogar não me interessa.

Justificada minha ausência.

Sunday, October 08, 2006

Atenção: Este é um texto de auto-ajuda

Há muito tempo criei a lista de coisas que mereciam ser diluídas em ácido muriático. Um exemplo eram os adesivos dos cowboys urbanos que circulavam pregados nos pára-brisas dos carros por Curitiba. Lembram? Havia Os Cumpadis, Os Cumpanheiros, Os Amigos do Marcão (esse Marcão devia ser a bicha chefe do grupo). Acho que o nome que eu mais gostava, um exemplo supremo de criatividade e falta de noção era: Os Power Guidos. Bando de brocha!

Naquela lista havia algo que era casado com uma pessoa da lista de pessoas que mereciam ter todas as unhas do corpo arrancadas. Livros de Auto-Ajuda e o Dr. Lair Ribeiro. O cardiologista Lair Ribeiro foi por algum tempo o pai da auto-ajuda no Brasil. Ele ensinava um bando de gente, em palestra e através dos seus livros, a ter uma vida mais feliz, passar no vestibular, perder peso, curar burrice, estas coisas. Era um idiota, como seus admiradores, aqueles perdedores.

Pois bem, tudo isto para chegar no seguinte. Hoje estava passando o olho por uma série de blogs dos amigos do tempo da faculdade e pelos blogs que se acham por aí. E, olha só, um tema que está presente em todos eles é a auto-ajuda. Ou estou reclamando da vida (como este post) e esperando que meus leitores venham me dar um conselho que me faça sorrir. Ou estou dividindo minhas experiências que, esperançosamente, poderão ajudar outras pessoas a viverem melhor.

Conclusão: Será que tudo que se escreve, se pinta, se lê, se vê, se faz, não tem um pé na ciência da auto-ajuda? Será que Da Vinci queria fazer a bruaca da Monalisa se achar bonita? Será que Homero queria dizer que se você roubou a mulher do outro e causou uma guerra tudo bem? (Traduzindo para uma linguagem mas moderna, porém ainda poética: “Fica cool, bro. Os Deuses que tem culpa. Você é um produto do sistema.) ” Será que Kafka pregava que ser uma barata não leva a nada? Será que a Emília representava o lado boneca do Monteiro Lobato que não arranjava namorado porque era monocelha? Será que Bukowski era um bêbado? Será que Van Gogh era louco? Será que Orson Wells era viado? Será que Beethoven era surdo?

Minhas desculpas ao Lair Ribeiro que felizmente ainda tem todas as unhas dos dedos.

Saturday, September 30, 2006

Thursday, September 28, 2006

Redenção

O Juquinha fazia o dever de casa religiosamente.
O Juca preparava a palestra semanas antes da apresentação.
O Júlio Santos não perdia tempo com bate-papo pois tinha que caprichar na monografia.

O Sr. Santos precisa do relatório para ontem.
"Mas, mas eu preciso de tempo pra preparar".
Sua mulher o havia deixado.
Dr. Santos está chorando sem ter pra quem ligar.

"Foda-se o sistema".
A bala quebra sua mandíbula.

Monday, September 18, 2006

O dia em que voltei a ser Brasileiro.

Não, meus amigos, não encontrei uma Skol para tomar aqui nos EUA. Há sim, Brahma, mas nem por muito amor à pátria. Mas não foi isso que garantiu meu direito de me chamar Macunaíma. Se você chutou que adotei o Manoel Carlos como guru sexual, errou. Ainda não é isso. Poderia, talvez, ser o fato de eu entender que política de qualidade no Brasil é feita por um maconheiro. Ou ainda por eu cantar Brasil, um sonho intenso, um raio vívido na primeira parte do hino, e na segunda Brasil, de amor eterno seja símbolo. Pô, fala sério! Nisso, até você caro leitor se embanana.

Mas não foi nada disto, meus caros. Ontem me redimi das minhas estadosunidencices assim: Fiz um furinho numa lata de leite Moça e tomei no bico.

O Dia em que me tornei Americano.


Sim, meus amigos, estou tomando Budweiser. Mas não é isso que me me classifica como um legítimo americano. Também não foi a criação do hábito de dirigir por highways comendo um Whopper do Burger King e tomando Doctor Pepper. Mesmo sendo um aficcionado por Nascar, Luta-Livre e Futebol Americano e apreciador de seios volumosos há algo além destes quesitos para merecer ser filho do Tio Sam. Talvez se eu tivesse esquecido que a capital do Chile é Santiago, ou que, veja que incrível, Madagascar é um ilha na costa leste do continente africano, eu estaria mais próximo de merecer carregar no peito as listras e estrelas. Quem sabe seriam meus vários quilos a mais que me dão este direito?

Nada disto. Alcancei o apogeu rumo a americanizacão há algumas semanas, quando num descuido na preparação da mala me vi fadado ao sacrifício extremo e consequente caracterizacão do americanismo puro. Andei pelas ruas de calça jeans e tênis branco.

Wednesday, September 13, 2006

Coisas de cama

Gosto de escorregar a mão bem de leve do lado da barriga da menina, na cintura, antes dos quadris e das coxas, onde fica a linha do biquíni. Se saber fazer, dá uma tremidinha, quase um choque elétrico. Como quando se esfrega o dedo polegar no couro do tamborim o fazendo vibrar. Mas pra percurssão mais força que para a pele onde o que conta é o jeito. Mas parece que só dá para fazer em certos dias. Tem que estar frio, não muito frio, e seco, bastante seco. Não sei os números em celsius ou a humidade relativa ideal porque não é hora de pensar nisto quando se tem a menina nua ao seu lado na cama. E agora, lembrando, só funciona nela e em outras como ela, cheinhas.

Tuesday, September 12, 2006

Blog amigo "Projeto Canción"

Michele e Thiago pegaram a estrada e foram explorar a América do Sul. Pegando carona e vendendo artesanato com o violão a tira-colo os dois jovens prosseguem.

Até aí nada de mais, hippie tem em todo canto. Mas acontece que os dois são geniais. A Michele escreve muito bem e tem a cabeça certa para analisar este mundo incerto. E o Thiago, bem, o Thiago, é um artista da vida. Leva a existência como quem toca Jazz de improvisso. Tem amigos barrocos, bauhausianos, dadaístas e surreais. Lembro de quando ele passou num concurso do Banco do Brasil, de primeira sem esforço, só para dançar sobre a mesa de jantar do status quo. Largou aquela vida, porque VIDA é só essa só, e saiu pelo mundo.

Eles tem um blog. Olha aqui.


PS. Os dois foram (ou ainda são) estudantes comigo de Comunicação Social na Federal do Paraná, que também é pra quem pode. Assim os conheci.

Monday, September 11, 2006

As engrenagens te pegam pelo rabo

Admito, estou sendo corrompido pelo sistema.

Hoje, segunda, a Belga que trabalha comigo pergunta em inglês com sotaque francês como havia sido o meu final de semana. “Foi legal. Li bastante e fui duas vezes ao cinema”, declaro. Rebato com a mesma pergunta. Ela conta que fez bastante exercício mas o ponto alto tinha sido ficar ao sol. E eu, mané, falo com um tom sarrento, “Olhando assim você parece uma pessoa simples, mas você gosta mesmo é da vida boa.” Ela, com razão, responde, “O que que tem mais em ficar ao sol!? É de graça, está aí para todos”.

Os americanos típicos, movimentam a máquina capitalista indo comer em restaurantes e fazer compras durante toda a semana mas em especial nos finais. É regra, todo mundo faz. Daí aparece uma pessoa que tira uma satisfação plena de algo simples e grátis como ficar ao sol, me atrapalho. Soou como luxo.

Desculpa.

Sobre o filme “O Ilusionista”


O geralmente bom Edward Norton é o mágico Eisenheim na Viena de 1900 e uns pouquinhos que quer tomar para si um amor de infância agora prometida a um membro da realeza. Ele então paralelamente as populares apresentações mágicas nutri a paixão pela amante e divide com ela a angústia de não poderem estarem juntos.
Nada de novo, só a manjada fórmula do amor impossível. Parece que o público seria seduzido pelas apresentações do ilusionista. Mas o problema é que truque mágico só tem graça ao vivo, no cinema, obviamente fabricado por efeitos digitais, fica chatíssimo.

Nota. C+ (O Edward Norton também não estava tão bom).

Wednesday, September 06, 2006

Receita

Já se pregou que para um vida plena o homem precisa:

- Plantar um árvore.
- Escrever um livro.
- Fazer um filho.

Não é costumeiro neste blog fazer-se listas, mas perante tal determinação existencial seria covardia se calar. Criamos, portanto, A Lista Ornitorrinco de Coisas que o Homem Deve Fazer Antes de Morrer:

- Plantar uma árvore.
- Escrever um livro.
- Fazer um filho.
- Escalar o Evereste.
- Fazer um milhão de dólares.
- Participar de um ménage à trois.
- Entender a teoria da relatividade.
- Ficar 40 dias de jejum.
- Aprender a tocar um instrumento musical.
- Provar peiote.
- Correr uma maratona.
- Aprender uma língua estrangeira.
- Passar por uma cirurgia.
- Duvidar/Acreditar na existência de Deus.
- Parar de beber.
- Abrir uma empresa.

Tuesday, August 29, 2006

Morte aos diferentes!

Cheguei no bar e só havia mulheres. Umas trinta. Era um bar só para lésbicas. Nada oficalmente anunciado, mas na prática nem homens gays frequentam. Há muito disto nos EUA, lugares só de negros ricos, só de enfermeiros, só de motoqueiros donos de Harley Davidson, não pode ser de outra marca.

Pois bem, estava eu lá feliz e contente colocando notas de um dólar na jukebox e escolhendo de Beatles à Rolling Stones. Chega uma menina, que contrariando o biotipo da maioria das presentes, era magra e bonita. A gente conversa. Ela intrigada: “Mas então você não é gay”. Papo vai papo vem, ela também não era gay, estava só acompanhando o casal de amigas. Foi uma noite divertida até o ponto que presenciei o absurdo que é a discriminação contra as pessoas diferentes de você.

Ao sair do bar, fui insultado por uma outra menina. Com alguns palavrões que não incluirei aqui ela falou: “O que que você está fazendo aqui. Aqui não tem nada pra você. Faça o favor de nunca mais aparecer no nosso bar.”

Quase apanhei.

Afastamento para viver

“Devemos optar por viver a vida ou escrever sobre ela”. Já foi dito por um estratosférico escritor cujo nome não recordo. Não sei realmente se esta frase foi mesmo dita por alguém, mesmo um zé-mané, antes. Se não foi, a cunho agora.

Mas isto não importa.

Importa entretanto para os leitores do Ornitorrinco, que sim, estive sem escrever e sim, estive vivendo a vida nas últimas semanas. Agora volto e tentarei viver e escrever quebrando a regra da reza deste tal magnânimo autor, se é que ele existiu.

Saturday, August 05, 2006

Abaixo a inteligência artificial!

Eu quuero escrever errado e daí? Não quero um software qualquer tentando adivinhar o que querro e corrigindo como digito. Se minha planilha de Excel tem linhas e colunas numeradas assim: 3, 5, 1, 2, 2, 7, 2, 3, 1. É isso que eu pretendi. Não me ofereça sugestões de slide mestre no Powerpoint, saco! Não, não é porque eu procurei cem vezes pela palavra Superman no Google que desta vez eu não esteja tentando localizar Sula Miranda.

Clerks 2

Ao contrário do que geralmente faço, comecemos pela nota: Nota A+!

Como que um filme barato, de comédia (atenção, não disse comédia barata), pode receber a nota máxima ao lado de O Iluminado, Apocalypse Now, 2001-Uma odisséia no espaço, E La Nave Va, Pulp Fiction, A Liberdade é Azul, e Que Droga fui Assaltado (este curta foi idealizado ((não gosto desta expressão neo-pseudo-intelectual-politicamente-correto, mas vou usá-la mesmo assim)) pelo meu amigo Perusso e por mim, com a participação de Lielson Z. como diretor substituto)? Simples, eu e mais todos que estávamos na sala de cinema rimos da primeira frase à última. E eu estava não só dando gargalhadas mas batendo com os pés no chão, colocando a mão na barriga que chacoalhava. Vale dizer aqui que este papel ridículo não foi testemunhado por ninguém que eu conheça, fui sozinho ver o filme, por isso pude e fiz este papel.

Os personagens são todos de alguma maneira debilitatos mentalmente. Principalmente, desprovidos de mecanismos psicológicos de percepção do que a sociedade espera de cada um. O grupo de balconistas de neste caso uma lanchonete em New Jersey e mais seus vizinhos comerciantes de maconha analisam as preocupações da vida moderna, como carreira, amor, casamento, filhos, dinheiro, sucesso, as grandes palavras, olhando de baixo pra cima. Para quem não sabe, ser garçom de lanchonete ou balconista nos Estados Unidos é estar na base da cadeia alimentar.

E esta visão é como a dos outros mortais, cheia de angústias, medos e incertezas. Aliás, me corrijo aqui, eles são especiais, pois tem mais sacadas geniais e nenhuma obrigação com o que é para os outros correto. Pensemos, um pai de família num escritório típico não pode relatar sua experiência de quando assistiu a um espetáculo de sexo entre um homem e um animal sem ter sua vida, ou pelo menos como as pessoas olham para ele, abalada. Mas, como diz o poster do filme. “Com nenhum poder vem também nenhuma responsabilidade.”

Por isso e por outras coisas o filme é um clássico. A+!

Tuesday, July 25, 2006

Sobre o filme "Superman Returns"


“Tá”. Esta é a sensação ao se sair da sala de cinema onde Supermam foi exibido. Tá, é divertido. Tá, tem bastante ação. Tá, não foge do estilo dos bem sucedidos filmes dos anos 80. Inclusive as atuações de Kevin Spacey e do novato Brandon Routh não se parecem com Lex Luthor e Clark Kent/Superman, eles interpretam com maestria Gene Hackman e Christopher Reeve, quem para todos os efeitos transcederam e viraram os personagens no inconsciente mundial. Os atores que arriscam representar o filho de Kripton e seu maior inimigo tem duas opções: serem fraquinhos quando se distanciam dos “originais” como nos seriados televisivos ou serem de outra forma grandes “Tás”.

Nota para o filme: B

PS. Para que justiça seja feita. O filme tem sim crédito. Na maior parte do tempo você até esquece que na verdade tudo gira em torno de um cara com bastante gel no cabelo, vestido de colan azul e sunga vermelha.

Saturday, July 08, 2006

Urso

Distraído, olhei pela janela da casa onde estava ficando no Colorado e vejo um urso no quintal. Esta foto fui eu que fiz.



Foi fantástico.

Vamos falar das poucas palavras que existem.

Comecemos com um exemplo clássico: A cadeira. Você sabe o que é uma cadeira. Na sua mente há um exemplo genérico desta coisa. Mas esta imagem não é uma fotografia fixa. Ela carrega subjetividade, flexibilidade. Uma cadeira de madeira leva ao mesmo arquivo mental que uma cadeira de plástico.

O mesmo raciocínio se aplica à banqueta, ao banco, ao assento, à poltrona, ao sofá.

Porém existe um objeto, uma cadeira com apoio para os braços, acolchoada, talvez com alguma inclinação, da qual não se sabe ao certo se é uma cadeira ou uma poltrona. Existe entre todos estes elementos citados, cadeira, sofá, banco, etc, objetos híbridos que não são só um nem só outro.

Imagine uma reta que vai da cadeira perfeita (que não deixa dúvidas de que é uma cadeira, que não tem nada nela que possa fazê-la se parecer com um outro tipo de assento, se é que tal coisa existe) até o sofá perfeito (sob as mesmas hipóteses). Agora imagine todas as palavras do mundo, em qualquer língua para definir um objeto onde se senta. Eu aposto todas as minhas fichas que há mais variações nas formas dos objetos do que palavras.

A quantidade de palavras é infinitamente menor que a quantidade de objetos no mundo.

Mas o mais importante nem é isso. Devemos considerar as idéias também.

A quantidade de objetos é infinitamente menor que a quantidade de idéias.

Exemplo prático: Na minha cabeça, neste momento, eu vejo um alienígina sentado numa wxztrkjhwwptg. Para definir uma wxztrkjhwwptg precisáriamos de todas as palavras usadas nas ciências da Terra e mais umas palavras que teríamos que inventar como hgtrfpzxt e jsrrrrnv ou tprnmwqprtqqs.

A aplicação prática desta bobagem toda é simples. Não se estressar em busca de sucesso, felicidade, amor. Estas palavras que estão tentando definir desde que mundo é mundo. Já tentaram explicar elas usando todas as palavras de todas as línguas de todos os tempos e mais wxztrkjhwwptg.

Thursday, June 29, 2006

Série: Contos minúsculos
1
Porque eu não te amo mais. E digo mais, teu cachorro vai embora comigo.

2
A luz vermelha apagou depois de anos acessa na grande casa na pequena cidade agora governada pelo Padre.

3
“Ludovaldo, uma dose do seu melhor scotch.” “O que que aconteceu?” “Fui mandado embora.” “Seu Renato, nada pessoal, mas vou trazer um whisky mais barato.”

4
A senhora, de mãos velhas e cansadas, entretanto tricova e fazia o novelo azul rodopiar. Depois de anos de espera, a mais nova das cinco filhas permitiria que ela usasse o plural de neto no masculino. Falaria com orgulho do décimo-segundo neto.

Saturday, June 24, 2006

Goooooool do Asdrubaldinho.

É verdade que na seleção do México (que lutou bravamente contra os Argentinos hoje) pudemos encontar nomes como Torrado e Guardado. Mas geralmente a seleção com os nomes mais, digamos, criativos é a brasileira. Confira como seria seu nome numa camisa canarinho. Aqui.

Monday, June 19, 2006

Meus melhores textos

Coloquei ali do lado, à sua direita, alguns links para os meus melhores textos publicados aqui no Ornitorrinco. Se você ainda não os leu, leia-os. São divertidos.

Sunday, June 18, 2006

Regime

Desconfiei que estava com algum peso extra quando percebi que quando sentava no sofá a primeira coisa que eu fazia era, automaticamente, puxar uma almofada para cima da barriga. Daí parei de me enganar: Estava barrigudo.

Antes de me lançar em qualquer dieta maluca, fui fazer um exame geral, o tal do check-up. Resultado, estava com o colesterol alto. A sugestão do médico foi exercício e boa alimentação.

Como sei que vou ter que passar por um período de seca, aproveitei o final de semana para uma despedida ociosa recheada à costela e cerveja. Na segunda eu começo o regime.

Ou não.

Tuesday, June 13, 2006

A Criança de Bom Coração tinha Razão

Eu, criança pequena, estranhei quando me mudei para Curitiba vindo do Rio e no Sábado antes da Páscoa não lincharam o Judas.

No Rio de Janeiro o boneco pindurado no poste era esperado pelos moleques com mais ansiedade que os ovos de chocolate do dia seguinte. Era uma festa. Na minha rua, classe média-baixa, fazíamos um Judas de calças jeans surradas, camiseta velha e, para a cabeça, meias de seda furadas. Ás vezes colocávamos bolas de isopor para os olhos, se não só desenhávamos os contronos dos olhos, nariz e boca com uma caneta Pilot. Lembro que uma vez, só uma, o nosso Judas teve pés. Um par de tênis M2000 que já não servia ao dono por causa do tamanho e estado. Nas ruas dos burgueses eles tinham calças boas sempre e camisas de botão. Os meninos e meninas lá linchavam um Judas que tinha até mãos feitas de luvas enchidas (não com nossos jornais velhos) com algodão ou pano, coisas mais caras.

Mas as crianças ricas ou pobres eram puras e inocentes e não ligavam para qualquer outra coisa que não fosse brincar surrando o boneco Judas com um cabo de vassoura e depois colocar fogo no resto. Era isso, simples diversão.

Depois a gente cresce. Aprende que o simbolismo folclórico de malhar o Judas na cidade primordialmente povoada por lusitanos tinha origens atreladas ao catolicismo dos seus fundadores. Escariotes era a representação da infidelidade, e ao lado dos Judeus e Romanos assumia a culpa de estender o pesar dos homens. Traiu Jesus e ali, naquele ato de bater e queimar estava uma manifestação de religiosidade para a absorção e entendimento do sentido do beijo fatídico em Nosso Salvador. Era então algo sério, não era brincadeira.

Agora adulto acham o tal do Gospel de Judas. Os historiadores e teólogos descobrem que Judas declara-se inocente em seus escritos e afirma que Jesus pediu para ser traído como parte de um plano divino.

Puxa vida! Era só uma brincadeira então. Povo boboca!

Sunday, June 11, 2006

Pra quem você torce?

Meu critério para decidir para quem eu vou torcer em jogos da Copa é simples. No topo da lista, obviamente, o Brasil. Lá embaixo está a Argentina. O meio é recheado indo dos países mais pobres para os mais ricos. Pra dar um pouco de alegria para o povo sofrido deste mundo.


Sobre o filme "Cars"

Na sexta vi "X-Men" e ontem, sábado, "Cars". Este foi bem mais ou menos. O humor do filme não chega ao nível um pouco mais adulto de "Shreck" e também não deixa fácil para as crianças. Fica na pernumbra.

Como as figurinhas são carros, e não brinquedinhos, ou monstrinhos, ou insetinhos, fica complicado deixá-los queridos para crianças. Acho até mesmo que o que os meninos gostam nos carros é justamente o que eles não tem de fofos. São as linhas duras, retas, a velocidade e agressividade que seduzem a meninada. Mais uma vez, "Cars" fica no meio termo.

Nota: B-


Sobre o filme "X-Men 3"

No gênero ação de mocinhos x bandidos, que geralmente pode ser e é previsível, só a ação propriamente vale alguma coisa. Mas o novo X-Men tem as boas lutas e explosões e adivinhe: Mocinhos morrem no final! Só por isso a estória já ganha alguns pontos. Numa reflexão mais aprofundada sobre a trama podemos ainda, duvidar sobre quem relmente são os bons e quem são os maus. Não fosse a cara feia destes contra os traços certos daqueles, só baseado na impulso ideológico de cada grupo, ficaria difícil escolher.

Nota: B+

PS. Alguns jornais americanos e algumas revistas gay estão dizendo por aqui que os heróis de X-Men são gays. Chegaram até mesmo a sugerir que o Professor Xavier e Magneto tiveram um caso no passado. Tudo bobagem.

Friday, June 09, 2006


A Gravata

Estou usando gravata para trabalhar agora.

Mas que coisa é essa, a gravata? De primeira pode parecer um babador. O animal corporativo quando vai almoçar libera o bicho interior e baba. Esparrama comida e a gravata garante a limpeza da camisa. Para a próxima reunião troca-se a gravata pela outra que está no bolso do paletó. Mas se fosse isto, seria a gravata algo muito ineficiente. Ela é pequena demais, não protege muito. E é geralmente confeccionada a partir um tecido sofisticado, não dá para ficar lavando toda hora.

Pode ser então uma espécie de cachecol. No calor, sabe-se bem que o simples fato de soltar a gravata alivia alguns graus. Mas, espera aí, no frio uma gravata ajuda pouco, quase nada no aquecimento do pescoço. Obeservemos os chiques executivos que colocam por cima da gravata, coletes, cachecois e sobretudos. Conclusão, também não é isto.

Pode ser simplesmente que aquele pedaço de pano só sirva para enfeitar mesmo. Pode ser. Entretanto, geralmente os padrões de cores, listras, retângulos, triângulos, figuras geométricas em geral, ou aqueles (aaaaaaah!!!!) desenhos de personagens, que decoram a gravata não serviriam para confeccionar qualquer outra peça de roupa. Feche os olhos e imagine suas calças de bolinhas.

Sobra então o valor simbólico. A gravata está ali e simples sugere A CORDA NO PESCOÇO!

Da série: Já ouvi numa mesa de bar

"É uma conta bem simples. Do dinheiro que eu ganho eu gasto metade com academia, salão de beleza e roupas me consertando. O resto vai para a cachaça me estragando."

Monday, June 05, 2006

As pedras no mar de Oregon

Quando estive no estado de Oregon algumas das coisas que achei mais fascinates foram as enormes pedras fincadas no oceano que acompanham a costa inteira. Na Austrália existem no mar do estado de Victoria Os Doze Apóstolos. Agora, com todo respeito, em Oregon tem uma cambada de apóstolos!

Estréio assim, ali no canto direito depois dos links, meu cantinho de fotos. Volta e meia haverão imagens que fiz. Aliás, fotografar é uma das minha formas de expressão predilétas.

Saturday, June 03, 2006

Faz sentido?

Tem coisas aqui nos Estados Unidos que depois de um tempo longe do Brasil parecem que fazem sentido.

Um brasileiro convida os amigos de empresa, americanos e brasileiros, para um churrasco na sua casa. É um churrasco normal para os padrões do Brasil, de várias horas de carne no fogo e cerveja na mão. Um americano convidado passando pela sala tropeça num taco, cai e quebra a mão. Na segunda-feira o americano entra com um processo na justiça contra o brasileiro por ele não ter a casa em condições seguras para receber convidados.

Pergunta sincera de quem realmente não sabe a resposta: Isto faz sentido?

Wednesday, May 31, 2006

O quieto Marquinho

Marquinho era magrinho, fraquinho, branquinho e tinha um narigão, orelhonas e olhos normais, mas que pareciam olhões atrás dos grossos óculos. Nasceu assim e morreria assim.

Talvez por isso era tímido ao cúmulo ao cubo.

Filho único, falava pouco com a mãe e o com o pai e só, mais ninguém.

Na escola tinha um amigo na cantina, um chapeiro gordo que falava mais que o homem da cobra. E ele falava cobras e lagartos sem parar, não parava, falava, continuamente, o tempo todo, ás vezes esquecia de respirar, sem parar, era tagarela, conversava sozinho se fosse possível, dormia falando, e era aquela coisa, o tempo todo, repetia também, repetia também, repetia também, repetia também.

Chega!

Mas Marquinho nunca nem sequer falou a palavra chega. O chapeiro nunca percebeu que Marquinho era tímido. Um falava o outro escutava, eram perfeitos.

O maior pavor de Marquinho eram as pessoas que encostavam nele, não esbarrões ou eventuais abraços, beijos ou apertos de mão. Mas os que recebem para encostar na gente: o cabelereiro cortando o cabelo, o dentista procurando por cáries, o médico medindo a pulsação. Por algum motivo não só encostar nas pessoas basta para estes violadores, eles falam o tempo todo. O chapeiro gordão não encostava em Marquinho. E também não esperava resposta. Mas os profissionais da tocação esperam resposta.

“Como choveu ontem,né?”. Marquinho sentia ele mesmo sua pulsação no pescoço, ao lado da quieta goela e ia embora pior do que entrou. Aquela frustração devia dar câncer.

Aos 13 anos entretanto, Marquinho teve seu corpo inundado por hormônios. Falou. Ele agora tinha o bigodinho ralo se movendo freneticamente em sincronia com o pomo de adão.

Conversava com a cabelereira virando a cabeça todo o tempo e tinha um corte torto. No dentista ele babava mas não calava.

Começou a falar e brigou com o chapeiro gordão. Arranjou uma namorada bonita para mandar ela à merda. Fez um filho numa noite de sexo quando gritou sem parar. Deu sermão no namorado da filha. Mentiu para a amante e para a mulher. Falou para seu ex-sócio: “Somos ex-melhores amigos”.

Tinha 53 anos e a partir de agora, de costas para o procotologista, Marquinho não falaria nunca mais. Não responderia sobre o calor que fez ontem. Seria tocado pelo médico e calaria.

Tuesday, May 30, 2006


Pra quem gosta de mato

Não tem como ser mais reality show que isto: Survivorman. O cara se mete num canto desabitado do planeta, sozinho, sem água, sem comida, sem barraca, sem uma equipe de filmagem, e fica brincando de sobrevivência na selva por uma semana. Na selva tropical da Costa Rica ou nas montanhas rochosas do Canadá, está lá Les Stroud com umas duas ou três cameras para filmar seus dias sofridos.

Ele faz um abrigo com o que encontra, produz fogo com pauzinhos e come, se come, as plantas e bichos que só alguém com bastante conhecimento sobre a flora e fauna do planeta consumiria. Também tem episódios que ele não acha nada e fica dias sem comer. Como no círculo polar ártico, bem próximo do pólo, sem nada em volta a não ser neve.

O divertido além de tudo isto é que ele não tem muita presença de palco na frente da câmera. É desajeitado e conta umas piadas sem graça, mas, poxa, o cara está no deserto, sozinho, sem água, sem comida, sem nada e filmando tudo. Aliás ele está sempre reclamando de ter que estar registrando sua sobrevivência. "Se fosse só sobreviver era fácil, o chato é ter que ficar filmando", ele diz.

Eu não sou um grande apreciador de reality shows, mas adoro mato, então virei fã do canadense Les Stroud.

Saturday, May 27, 2006

Da série: Já ouvi numa mesa de bar

"Meu objetivo de vida é ter pelo menos três amantes chorando no meu velório."

Friday, May 26, 2006

Mais sobre Las Vegas

Las Vegas é um lugar de contravenção. As pessoas caminham pelas ruas com uma cerveja na mão. Coisa que não pode aqui nos EUA.

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Para entrar ou sair em qualquer hotel, shopping center, ou restaurante, o sujeito tem que passar por dentro de um cassino, por razões óbvias. Mas, o interessante é que tem um folheto no quarto do hotel afirmando que Las Vegas é um lugar para toda a família: as crianças podem ir aos restaurantes e às lojas. Só não podem entrar nas áreas dos cassinos. Como?

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Os shopping centers são decorados com um céu azul com nuvens brancas. O pé-direito alto somado à concavidade do teto e a uma ilumicão luz-do-dia, procuram simular o céu. Mas isto não é o pior. No Aladdin, a cada meia hora, há uma demonstração de chuva, com relâmpagos e trovões. Caso, depois de um tempo lá dentro, você se esqueça o que estas coisas eram.

Livres para amar

Para quem acha, hoje, absurdo um casamento aberto, olhe como Sartre e Simone de Beauvoir se comportavam na metade do século passado. Aqui. Nesta boa resenha da Carla Rodrigues sobre o livro "Tête-à-tête: Simone de Beauvoir e Jean-Paul Sarte".

Wednesday, May 24, 2006

In English

Minha tentativa de criação de um blog em inglês. Aqui. Estou usando posts publicados anteriormente no Ornitorrinco. Traduzo-os e adapto-os.

Las Vegas


Quando o turista tira a clássica foto na frente da Torre de Pizza, do Cristo Redentor, da Opera House, ou qualquer outro monumento de famosas cidades, ele na verdade está fincando sua bandeira naquele local. É a prova de que: “Olha, eu estive aqui”. O próximo passo é ir a lojinha e comprar souvenirs para o povo. Como uma Torre Eiffel peso de papel ou um Empire State apoio para livros. Aí que a originalidade e autenticidade desaparecem por completo. É tudo feito na china. Infalivelmente vai haver um selinho redondo dourado colado no feltro verde embaixo da lembraça e lá estará a fatídica afirmação “Made in China”.

Pois então. Las Vegas é um grande souvenir! Imagino um americano médio, de camisa florida passeando numa gondola pelos canais do hotel Venetian e falando para sua esposa gorducha: “Olha que romântico. E é bem melhor que lá. Me falaram que a água está suja e fedida.” O noivo e a noiva que dividem a gandola com eles complementam: “E a água está subindo, qualquer dia Veneza afunda. Las Vegas sempre estará aqui.”

Existe uma palavra em inglês que define bem Las Vegas: “cheesy”. A tradução interpretada é algo próximo de cafona ou brega mais uma pitada de barato e de mal gosto. Esta é a Las Vegas. Pode ser que nos anos 80 quando os conceitos dos hotéis foram elaborados era interessante ter uma torre Eiffel de mentira, ou uma Nova York em miniatura. Hoje isto me parece muito queijoso.

Saturday, May 20, 2006

O estado de Oregon

Ninguém fora dos EUA conhece e os americanos não vao pra lah. É um dos estados sem muitas indústrias, sem turismo. Um estado, digamos, caipira.

Por outro lado, conheci um sujeito e sua família de 6 filhos habitante da minúscula cidade de Bandon. Ele disse que já havia morado em Nova York e Paris, mas decidiu voltar pra sua terra natal. Pode ser papo de caipira, mas ele me parecia bem feliz.

Tuesday, May 16, 2006

Pensamento inquietante do dia

Sobre o assunto de imigração ilegal, eu me pergunto:

Mas por que que falam tanto em fechar as fronteiras americanas? Qual o problema com os canadenses?

Por que você malha?

Tem pessoas que se exercitam para se manterem saudáveis, simples assim. Outras tem a vaidade em primeiro lugar. Malham para se tornarem mais sexy. Como resultado também ganham saúde.

Eu estou na pior categoria, sou Junkie. Não me motiva os resultados de melhora geral da saúde ou me tornar mais atraente, sou um drogado da serotonina. Gosto da chapação que dá depois de correr ou nadar.

Se existisse uma pílula ou cigarro de serotonia eu parava de malhar.

Monday, May 15, 2006

Caos - SP

E-mail que recebi de um amigo hoje, por volta das 2 da tarde no horário de São Paulo:

Galera !!!!

Quem estiver on-line dê uma olhada na internet ou outras redes de notícia. Pela Radio Peão diretamente dos correspondentes de São Paulo:

"Os Bandidos fecharam Congonhas e Guarulhos, entraram em escolas particulares e seqüestraram crianças, estão fechando shoppings e estabelecendo toque de recolher. Caralho, virou guerra civil! Detalhe, parece que o negócio está se espalhando já chegou em Jundiaí e no ABC está fervendo."

Vixe!


Se está exagerado não sei. Mas me assustou.

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Na sequência recebi esta mensagem de outro amigo.

Rádio peão exagerada, hein? A gente tava acompanhando aqui via nextel, mas não chegou nesse nível.

Até dois tiros é suportável.


O que que ele quis dizer com "Até dois tiros é suportável"?

Sunday, May 14, 2006

Carlão, um político brasileiro

Carlão era gordão e simpático. Poderia bem ser um Rei Momo, mas decidiu pela política.

Em seus discursos adorava explicar, do seu modo, o que era a democracia representativa.

Falava que um deputado eleito não deveria ter idéias próprias. Como assim!? Um deputado deveria ser um corpo com vários corpinhos dentro. Apontava para a barriga e tirava uma ou outra risada só, o povo ainda não entendera. Por exemplo, meu sistema circulatório é os taxistas, leva outras células para todo canto. Meu coração é nossos amigos trabalhadores das indústrias que produzem a força para a comunidade. Meu cérebro representa as escolas. Comparava, ainda, seu sistema respiratório que limpava o corpo, com os garis. Podia soar mal associá-los aos intestinos.

No final do discurso recebia aplusos eufóricos.

Na churrascaria, Carlão nem perdia tempo com buffet de saladas, comia a parte mais gordurosa da picanha, bastante linguíça e costela. Tinha dificuldades para do seu gabinete andar até o elevador e de lá até o carro. Também não era inteligente e não lia. Seu maior triunfo intelectual era adivinhar quem engravidava e quem casava com quem nas novelas da tv.

Como não poderia deixar de ser, morreu cedo. Ninguém sabe bem o que aconteceu. Seus orgãos começaram a falhar um por um. Da descoberta dos problemas até sua morte foram poucos dias.

A comunidade chorou. Ninguém duvidava que ele era o maior exemplo da democracia representativa do Brasil.

Saturday, May 13, 2006

Cadáveres para a arte e a ciência

Um cadáver sem pele, ajoelhado e com as mãos como se estivesse rezando, segurando o próprio coração. A primeira escultura/objeto científico da Exposição Body Worlds simboliza bem a polêmica em torno da mostra.


Fui hoje ao Museu de Ciências Naturais de Houston ver os Mundos do Corpo do Dr. Gunther von Hagens. Ele chama seu trabalho com a plastinação (técnica de sua autoria que consiste em substituir os fluídos do corpo por resinas plásticas) de Arte Anatômica. O corpo humano assim exposto serve como um objeto de análise anatômica, certamente. Em um museu de ciências pode estar ao lado de ossos de dinossauros ou de uma múmia. Entertanto Von Hagens não se contenta em apenas mostrar mas também modela os cadávares em poses como esculturas. Poderiam estar num museu de arte: um cavaleiro montado segurando o próprio cérebro (o cavalo também não tem pele), ou uma mesa com três corpos jogando poker.


O resto da polêmica não se centra na questão arte ou ciência, independe disto. Grupos, geralmente de base religiosa, recriminam a exposição por completo. Corpos humanos deveriam ser tratados como sagrados.
Fontes: Minnesota Public Radio e Wikipedia


Sobre o filme "Missão Impossível 3"

É um filme de amor! Ontem quando fui assitir o cientologista Tom Cruise (no papel do mega-ultra espião Ethan Hunt), esparava as explosões, os tiros, as quedas livres, os esquemas mirabolantes de entrar e sair de algum lugar. Não antecipei no entanto que ao invés da motivação clássica de salvar a humanidade, como nos dois primeiros filmes, desta vez, para o herói o mais importante era garantir a vida de sua mulher. E não é uma qualquer bondgirl ou femme fatale. E é a esposa mesmo, aquela que se tem em casa, alguém com quem ele quer pasar o resto da vida. Bonito!

Bem, a crítica do filme propriamente: Na telinha não terá muito apelo. A sugestão é ir preparado para pouco conteúdo, mas bastante ação. De preferência sente bem na frente. Esta sempre foi a propósta. Sendo assim: missão cumprida. Nota B+.

Thursday, May 11, 2006


"Bem, colocado assim é claro que você pode se casar com minha filha"

A Bela e a Fera

Almoçando num restaurante hoje, não pude deixar de notar o casal na mesa ao lado. Ela jovem, magra, alta, com cabelos escuros e traços latinos. Bonita, mas bem bonita mesmo. Ele também de traços latinos e mais nenhuma semelhança com ela. Era um gordão com uma cara mexicana inchada.

Chega um terceiro sujeito e senta-se com eles. Era certamente um americano e provavelmente um advogado. Acho que advogado cheira diferente. Aquele ali parecia estar na borda do legal com o não-tão-legal. Cheirava, então, pior ainda.

Curioso que sou, cheguei a cadeira pra perto e ouvi trechos.

Dizia o gordão:....quanto que vai custar?....bla bla bla...quanto que vai custar?.... Era só o que ele perguntava.

O advogado se dirigindo a menina: ....você já foi casada?....já foi presa alguma vez?.... qual seu estatus atual?....

A menina no tempo todo falou umas duas frases que eu não entendi e pelo jeito nem eles. Ela falava um inglês arranhado.

Pelo que pareceu, o gordão era naturalizado e estava trazendo a menina para morar pra cá num casamento arranjado. Deve ser o que em inglês eles chamam de “Win Win”. Ela ganharia estatus legal de permanência, e ele teria aquela mulher (que mulher!) ao lado.

Por amor, ali, só tinha o advogado. Amor pelo dinheiro.

Wednesday, May 10, 2006

O tio do Felipe se incomoda com pouco

O tio do Felipe expulsou ele de casa.

Conheci o Felipe quando dava aulas de inglês na mesma escola que ele em 2003. Ele era um menino ainda, 21 ou 22 anos, loiro, alto, boa pinta e super gente fina. Éramos bem amigos e volta e meia ele vinha chorar seus problemas.

O Felipe é gay, por isso o pai lhe expulsou de casa e ele foi morar com o tio. Na casa do tio ele podia levar para dormir o Júlio, seu namorado há dois anos. O tio, solteirão, era bem sossegado com isto, fazia café da manhã para os dois.

Uma noite quando os dois fizeram muito barulho o tio do Felipe deu uma reclamada leve. Mas foi algo normal, longe de ser motivo para brigas.

O tio estranhou um pouco quando o Júlio e o Felipe levaram mais um amigo para dormir com eles, o barulho foi mais intenso, mas ele passou o café pela manhã.

Entretanto, este carinha novo começou a ligar e cantar o Felipe. Numa noite ele foi dormir com o Felipe sem o Júlio estar junto.

No outro dia de manhã, o tio, antes do café da manhã, liga pro Júlio contando tudo e expulsa o Felipe de casa. Traição não é coisa que se faça.

South Park: Faça você mesmo

Monte seu personagem no estilo Cartman, Kyle, Stan e Kenny. Aqui.

Tuesday, May 09, 2006

Desenvolvimento para onde?

Tinha uma amiga minha brasileira passando um tempo aqui em Houston. Entre uma cerveja e outra me refiro ao Brasil, nas inevitáveis comparações entre aqui e aí, como país de terceiro-mundo. Ela fica chateada comigo, “O Brasil não é terceiro-mundo” e me olha com uma cara de como se eu estivesse cuspindo no prato que comi.

Na hora pedi desculpas e tomei um gole de início de outro assunto. Mas, na verdade a culpa é da Andréa minha professora de geografia. Ela ensinou que os países ricos eram primeiro-mundo, os pobres terceiro e os comunistas pobres segundo. Mostrou um mapa colorido no livro e tudo. Era algo mais ou menos assim. Nesta parte eu estava distraído pintando a Antártida, que não tinha cor nenhuma.

De qualquer modo, minha pergunta é: soa melhor chamar de país pobre? Ou quem sabe subdesenvolvido? Tudo bem, estes nomes eu aceito. Agora, não me venha com: “em desenvolvimento”. Isto me soa tão hipocritamente correto e esdrúxulo como chamar vira-lata de “sem raça definida” ou mendigo de “indivíduo em situação de rua”.

Parece que “em desenvolvimento” foi criado justamente por quem, ao contrário de mim, não se importa com uma melhora no padrão de vida dos brasileiros. Querem deixar o povo inerte. Do tipo “Se acalmem, vão levando a vida que um dia vocês chegam lá”. E nós seguimos contentes. Pobres, mas contentes.

Na minha defesa não vou nem entrar em papos com direito a subjetividades como sociologia ou política. Vamos às ciências exatas. Não há energia suficiente para que todos vivam como se vive nos países ricos.

Então, estamos nos desenvolvendo para onde?

Quem sabe quando todos forem desenvolvidos os habitantes da África, Améria Latina e Ásia andam de carro na segunda, quarta e sexta. Europa e América do Norte: terça, quinta e sábado. No domingo ninguém dirige porque é dia de lançamento de foguete levando lixo para o espaço.

Se você quiser elaborar uma teoria de novas fontes ou melhor uso de energia, boa sorte. Mas por enquanto eu vou fazer um favor para meu país não o enganando e chama-lo de terceiro-mundo.


Sobre o filme “A Lula e a Baleia”

Nota prévia:
Lembra de “Dumb and Dumber” (Debi e Lóide, em português)? Pois aquele hilariamente tosco do Jeff Daniels é um outro ser por completo em “A Lula e a Baleia”. Impressiona ver um ator completo assim. Para ele nota: A+.


Segundo o Seattle Post-Intelligencer o diretor Noah Baumbach, conta sua prória estória de quando no Brooklyn da década de 80 seus famosos país se separaram. Deve ser, porque a sensibilidade com que Baunbach relata a humanidade de cada indivíduo numa família em crise é tocante.

O pai escritor (Jeff Daniels) foi famoso há um tempo atrás, mas no presente só mantém um ar intelectual desgastado. A mãe começa uma carreira de escritora a todo vapor e mantém um romance com um jovem e descolado instrutor de tênis. O filho mais velho idolatra o pai e repete sua atitude pseudo-intelectual, o levando a extremos como plagiar uma música do “Pink Floyd” para um concurso no colégio. E, finalmente, o filho mais novo, queridinho da mamãe, espalha seu esperma por objetos pela escola.

Depois da separação dos pais e a custódia dividida entre dois lares, cada personagem tem de encarrar seus próprios problemas como se refletidos por espelhos segurados pelos outros membros da família. Estes espelhos refletem e ao memo tempo distorcem de acordo com quem os segura. Sim, o filme é complexo. Não começa e nem termina, tudo é meio na estória.


Nota posterior:
A direção de arte é de primeira. A recriação dos anos oitenta se dá não só nos objetos em cena, mas também na fotografia do filme.

Nota para o filme: A-

Ah, as mulheres russas.


Todas procurando casamento. Aqui.

Via Nominimo

Monday, May 08, 2006


Sobre o filme "Derailed"

Quando o filme foi lançado aqui nos EUA, o destaque para Jennifer Aniston foi quase tão grande, ou maior, que ao dado para Clive Owen. Ela é uma atraente (?) e interessante (?) mulher que seduz o personagem de Owen, causando-lhe um "descarrilhamento" na vida de responsável pai de família. Acontece que para minha surpresa (ou não) Aniston tem uma participação miúda tanto no tempo de aparição como na atuação propriamente. E olha que Clive Owen está fraquinho. Nota C.

Promesas do fim do mundo

Quando eu era criança não tinha medo de lobisomem, bicho-papão nem mula-sem-cabeça. Também não me preocupava com bandidos e ladrões. Mas, em compensação, eu tinha certeza que caíria uma bomba atômica no Rio e todos moreriam. Eu não conseguia dormir imaginando alguém nos EUA apertando um botão vermelho. Nunca me ocorreu que os maus eram os Russos.

Lembro que na época assisti no Jornal Nacional um grupo de pacifista que tinha um relógio que marcava o tempo para o fim do mundo. Naquele dia, Cid Moreira contou que devido a um desacordo entre os EUA e a União Soviética o marcador andou mais um minuto pra a frente. Simbolicamente faltavam, então, 4 minutos para o fim do mundo. Malditos pacifistas!

Eu não contava estas coisas para ninguém, poderia parecer um bobo com medo de uma guerra nuclear. Mas este era meu maior pavor.

Passou um filme na Globo chamado “O Dia Seguinte”. E então eu sabia até como seria o momento fatal para humanidade. Primeiro carros, tvs e até relógios de pulso parariam de funcionar e depois como num raio-x eu viraria um esqueleto quando as ondas eletromagnéticas e de calor me atingissem. Assim funcionava minha cabeça.

Ás vezes com o intuito de me acalmar eu imaginava que talvez os americanos iriam atacar São Paulo, não o Rio. Ficava mais tranquilo.

Porém havia a usina nuclear de Angra dos Reis do lado do Rio. Eu ficava pensando se a radiação chegaria à zona norte.

Hoje eu cansei de esperar pelo fim do mundo. Avisaram sobre a Aids e o vírus ebóla. Prometeram catástrofes decorrentes do efeito estufa, chuva ácida, buraco na camada de ozônio e derretimento de calotas. Falaram de aumento do Sol e depois da diminuição do Sol.

Não vai ser gripe aviária e guerra dos cristões x muçulmanos que vai tirar meu sono.

Desejo Catastrófico do Dia

Onde está a epidemia da gripe do frango que não chega logo?

Saturday, May 06, 2006

Ninguém escreve

Toda sexta-feira o coronel espera por uma carta do governo que garantirá sua pensão. Todos, sua mulher, seus vizinhos, até ele mesmo, sabem que esta carta nunca chegará, mas a esperança, mesma que ilusória, o mantém vivo.

Quando há alguns anos li o livro do Gabriel Garcia Marquez "Ninguém escreve ao Coronel" não dei tanto valor. Hoje aqui nos EUA esperando há meses por uma carta da imigração americana que trará um visto de trabalho, entendo que a boa literatura é indefectível.

Coisas que se parecem com gente

Divertido! Aqui

Top One

Todo mundo tem uma lista de Top Five filmes. Talvez eu esteja só impressionado por ter assistido o filme ontem, pela quinquagéssima vez, mas vou dar um lance super arriscado. Não vou nem escolher cinco. Top One: A melhor atuação da história do cinema é de Antony Hopkins como Hannibal Lecter em Silêncio dos Inocentes. Pronto. E o ápice da performance é a cena na qual ele está naquela cela no meio de uma gigantesca sala olhando para a personagem da Jodie Foster direto nos olhos. Para nós olhando para a câmera. Esta aqui, então é o limite para qualquer ator. Podemos começar a classificar todas as outras interpretações por quão próximas elas chegaram desta. O limite, a perfeição.



Mais uma vez, talvez eu esteja só impressionado....

Friday, May 05, 2006

Jabá

Nelson Padrella é um artista plástico amigo da família. Veja algumas de suas obras aqui.

Sobre o filme "Three...Extremes"

Assisti "Three...Extremes" ontem. Como o nome sugere são três estórias de horror, bem, ao extremo. Sendo diferentes do esquema americano de: homem mau chacina jovens; os diretores asiáticos criam algo que, acreditem, casa Almodovar e Hitchcock. O que lembra o diretor espanhol são as cores fortes que compõem praticamente todas as cenas do início ao fim. Similar à narrativa do mestre do suspense tem-se a sensação de que por mais assustador que seja o que já foi apresentado o que virá será mais tenebroso. Ainda há no topo de tudo isto uma violência explícita que lembra "Cães de Aluguel" ou "Pulp Fiction" do Tarantino. O filme todo vale bastante a pena. Nota: A-.

As três estórias são:

"Dumplings" de Fruit Chan - Hong Kong: Obsecada por beleza e juventude uma mulher se alimenta de fetos.

"Cut" de Chan-Woo Park - Coréia: Um famoso diretor de cinema tem a família torturada por um maníaco que o inveja.

"Box" de Takashi Miike - Japão: Duas irmãs gêmeas contorcionistas e um pai mágico tem o ódio e a morte os atormentando no passado e no presente.

Thursday, May 04, 2006

Imigrantes e a grama do vizinho.

É comum as pessoas imaginarem a vida alheia como mais alguma-coisa do que a suas próprias. O seu amigo solteiro tem mais liberdade, o primo tem mais dinheiro, a colega de trabalho é mais culta. E isto é natural, "A grama do vizinho é sempre mais verde", afinal.

A coisa se complica em casos como os dos imigrantes. Daqui de fora é bem facil ficar imaginando como talvez fosse melhor sua vida no Brasil. Tem um outro você paralelo lá. E o pior é que uma vez que você decide tentar a vida num outro país seu destino está fadado. Se você volta, a grama fica mais verde no país em que você estava.

Novo Visual

Opinem sobre o a nova aparência do Ornitorrinco. Obrigado.

Wednesday, May 03, 2006

Sobre o filme "RV"

Para unir a família e escondido dela fechar um negócio, Bob Munro (Robin Williams) precisa fazer peripécias de todo tipo numa viagem da Califórnia para o Colorado num RV - Recreational Vehicle, para nós Trailer. O filme tem o raso humor família americano. Nota: C-

Sentidos e sensibilidade

Assento de carros aquecidos é uma das várias mordomias que os carros vendidos nos EUA fornecem. Pois bem, assisti agora a pouco o anúncio da reportagem que esclarecerá sobre os perigos de ser seriamente queimado por assentos funcionando mal. Aparece um velhinho dizendo: "Comecei a sentir um cheiro de carne queimada [pausa]. Olhei para baixo e era a minha bunda queimando."

O sujeito pode estar bom de olfato, mas o tato pelo jeito já foi pra cucuia faz tempo.

"Quando cheguei em casa e tirei a camisa notei que ela estava furada. Foi então que percebi uma faca enfiada no meu peito"

Aquisição: CD do Johnny Cash

A cultura de mil anos é destruída com o metálico som do fechamento da porta da cela atrás de você. A vida lá fora, atrás de você imediatamente se torna irreal. Você começa a não se importar se ela existe. Tudo que você tem consigo na sua cela é seu puro instinto animal.

Johnny Cash começa assim seu texto de apresentação no encarte do CD "At Folsom Prison" que adquiri recentemente. E ele era um malvadão mesmo. Preso por quatro vezes por porte de drogas, ele também bebia e brigava como seu público predileto, os criminosos em penitenciárias. Tocava para eles para trazer um pouco de luz na sombria vida que bem conhecia.

Ainda nem ouvi o CD, depois conto mais.

Monday, May 01, 2006


Sobre o filme "United 93"

Colocar o espectador dentro do vôo 93 da United Airlines é o que o diretor Paul Greengrass tenta fazer. No dia 11 de setembro de 2001 um aviao com 40 passageiros e tripulantes e 4 terroristas foi o único das quatro aeronaves sequestradas que não atingiu o seu alvo, supostamente o Congresso em Washington. As imagens tremidas, desfocadas ás vezes, em rápidos movimentos e recheadas de closes condizem com a visão que teria o passageiro extra. É bastante tonteante e principalmente tenso estar lá dentro. Para quebrar este ritmo, a narrativa vai para as salas de controle aéreo militares e civís. Não que lá as atmosferas estivessem mais calma, pelo contrário, eram caóticas, mas ali estão controladores de tráfico e militares, não são pessoas comuns.

A política, entretanto, está fora do voô, fora das salas de controle, fora do filme todo. Não é esta a idéia mesmo. Bem ao contrário do anti-bushismo de Micheal Moore em "Fahrenheit 9/11", por exemplo. Parece-me que o diretor quis homenager o provável heroísmo dos passageiros ou simplesmente, quem sabe, fazer um filme de tensão. Não é horror, nem tristeza, é um sentimento de quero que acabe logo, mas devo assistir.

Nota para o filme: B+

É Arte?

Meus amigos ficam putos porque eu sou um enorme apreciador de arte abstrata. Chame de moderna, contemporânea, o que quiser, mas o fato é que vou ao MAM e acho maravilhoso um fusca pindurado no teto. Daí me dizem, "Então um tijolo pode ser chamado de arte". E eu digo, "Sim, pode, e olha só que legal, você está agora cercado de arte neste momento. Veja aquele tijolo ali, um pouco mais escuro que este aqui, você já está vendo a forma, comparando cores e texturas, isto é arte."

Parece-me preguiça mental. Eles buscam a matriz binária de tudo. O bem e o mal, a vida e a morte. É mais fácil trabalhar com o zero e o um, que com o infinito.

Sunday, April 30, 2006

Inutilidade

Tem coisas que só a sobra de dinheiro e a falta de coisa melhor pra fazer podem produzir. Como a "Chocolate Fashion Show". Vestidos de chocolate são 100% inúteis, não se pode vesti-los nem comê-los.

Sobre as cenas de sexo em "Marcas da Violência"

Voltei para falar sobre as cenas de sexo no filme "Marcas da Violência". Fui bastante relapso no post anterior. Ou melhor, só queria colocar alguma coisinha no blog hoje, dar uma nota pro filme. Mas isto não justifica passar batido pelas duas boas cenas de sexo, considerando, é claro, serem do cinema médio americano.

Na primeira eles estão num quarto no sótão, um quarto de adolescente. A menina chega vestida de cheerleader, o rapaz a espera na cama com a camisa aberta, ela levanta a saia e mostra a calcinha. A menina sobe em cima dele fala alguma coisa engraçadinha. O rapaz depois vai pra cima dela e com a cabeça na altura das coxas dela puxa a calcinha e a tira, só a calcinha, sem tirar a saia. Os dois se movimentam até estarem numa posição de sessenta e nove. Fim da cena, afinal, poxa, é hollywood.

Eles a quem eu chamei de menina e rapaz, são na verdade marido e mulher, não são novos nem nada, caso você esteja imaginando assim. Na segunda sequência depois de uma briga ela sai da sala e começa a subir as escadas. Ele corre para as escadas e a agarra pelos tornolezos, a mulher se vira, reage um pouco, mas se rende e começa a beijá-lo. Eles fazem sexo ali, na escada.

Pronto. Missão cumprida. Mudei a nota do filme para B-, as cenas são B+.


Sobre "Marcas da Violência"

Com Viggo Mortessen no papel de um pacato pai de família numa pequena cidade, o filme se desenvolve depois dele matar dois bandidões que tentavam assaltar sua lanchonete. A partir daí vai se descobrindo sobre o passado do personagem que afinal não era tão pacífico. O ritmo do filme, duas cenas de sexo quente (que aliás valem a pena) e o passado sombreando o presente fazem lembrar o filme "A Última Ceia". Nota pro filme: B

Círculos

Na TV americana é notável a quantidade de comerciais de fast food e remédios. Perfeito para o capitalismo: Gasta-se para se adoecer, gasta-se para se curar.

Saturday, April 29, 2006

Inglês, espanhol, português

Acordei disposto a escrever sobre a polêmica gerada em torno do Hino Americano gravado em espanhol. O idealizador do "Nuestro Himno" (o nome também foi adaptado) é o britânico Adam Kidron. Ele diz que a nova versão é para aqueles imigrantes que ainda não sabem inglês já começarem a aprender os valores de liberdade dos Estados Unidos da América. Este assunto está bem naquela área embaçada onde muticulturalismo parece se contrapor a patriotismo. Eu, sinceramente, ainda não tenho uma opinião definida. Mas como o Sr. George Bush já se pronunciou contra, provavelmente eu vou me descobrir a favor. Mas deixei este assunto de idioma dos outros todo pra escanteio e me agarrei na saudade da minha língua materna. O lindo português, a última flor do Lácio!
Fui atrás de um poema que adoro que comporta a lindeza do nosso idioma falado. Procure recitá-lo, é bem gostoso:

Se um dia nós se gostasse;
Se um dia nós se queresse;
Se nós dos se impariásse,
Se juntinho nós dois vivesse!
Se juntinho nós dois morasse
Se juntinho nós dois drumisse;
Se juntinho nós dois morresse!
Se pro céu nós assubisse?
Mas porém, se acontecesse
qui São Pêdo não abrisse
as portas do céu e fosse,
te dizê quarqué toulíce?
E se eu me arriminasse
e tu cum insistisse,
prá qui eu me arrezorvesse
e a minha faca puxasse,
e o buxo do céu furasse?...
Tarvez qui nós dois ficasse
tarvez qui nós dois caísse
e o céu furado arriasse
e as virge tôdas fugisse!!!

Do paraibano Zé da Luz.

Friday, April 28, 2006

Pinga (ou a falta dela) e Hemingway

Estou parando de beber e lendo Hemingway. Na verdade: diminuindo. Parando é muito forte pra mim ainda. Mas o problema é que estou lendo "The Sun Also Rises" (E Agora Brilha o Sol). O livro é sobre a conhecida geração perdida de pós-primeira guerra. Sobre um grupo americano-britanico que inclui entre outros o protagonista Jake Barnes e sua amiga festeira Lady Ashley que estão na Europa. Além de irem a restaurantes em Paris e touradas na Espanha, eles vão aonde? A bares. Dão risadas, contam estórias, e bebem, e bebem. E eu aqui, tomando água. Será que é crise de abstinência e eu fico vendo pêlo em ovo? Mas mesmo que fosse outro livro dele, iria ficar do mesmo jeito imaginando ele de cara cheia com as bochechas rosadas. Que cousa! Melhor parar com isto e começar a ler Bukowski.

Receita para um filme de arte

Comece o filme pelo final com uma locução em off. Use qualquer língua que não seja o inglês. Acrescente um personagem deficiente mental, cego, mudo, surdo ou paraplégico. Faça o filme em preto e branco, cor só se for em pequenos detalhes. Escolha música clássica ou jazz para tocar a estória. Projete as cenas para se passarem vagarosamente. Coloque bastante violência explícita. E embale sua obra com um nome de fruta.

A vida real sem TV

Se voce está com a televisão ligada, desligue-a. Afinal estamos na Semana Internacional da TV Desligada. O site do grupo inglês promotor desta campanha traz as vantagens de viver sem televisão. Em 2003 passei uns bons oito meses sem TV em casa, e sim há vantagens várias.

Uma das primeiras coisas que as pessoas argumentam em defesa da TV são os telejornais para o famoso "manter-se informado". Pra início, notícias via televisão são geralmente as mais pasteurizadas e menos informativas. Depois, com a internet, algumas revistas e jornais sua obrigação de saber o que se passa pelo mundo está bem cumprida. Rebater o quesito entretenimento tambem não é difícil. Faça amigos. Uma única pessoa, qualquer pessoa, tem mais drama e comédia inatas que todas as novelas das seis, das sete e das oito somadas. Pra fechar, muita TV engorda. Não consigo pensar em nada que queime menos calorias que ficar sentado num sofá olhando para a telinha.

De volta as vantagens que eu percebi: Eu li bastante, malhei, fui muito ao cinema, passeei pela cidade, viajei e conheci pessoas interessantes... e outras nem tanto que só sabiam falar sobre novelas.

Thursday, April 27, 2006

Sobre o filme "Robots"

Sabe aqueles esquemas mirabolantes de, por exemplo, empurrar uma bola de sinuca, ela bater numa tostadeira e liga-la, o calor da tostadeira estourar um balão, o papagaio se assustar com o barulho e tentar voar puxando uma cordinha que finalmente liga a televisão? Então, o filme Robots, assitido ontem por mim, tem bastante disto. Acho inclusive que foi por aí que o roteirista do filme começou a criação. Desde como funciona o transporte público na Robot City até uma monstruosa fileira de dominós, é tudo alguma coisa empurrando ou puxando outra. Depois é claro, entraram os personagens sempre com tiradas engraçadas, umas musiquinhas no meio e um final feliz. Tudo muito bem acabado pelo que há de mais sofisticado em computação gráfica. Nota pro filme: B.

Imigração

De tudo que se vem falando sobre a imigração ilegal aos EUA, o comentário mais inteligente foi cunhado pelo apresentador e comediante da HBO, Bill Maher: "Como o governo americano pretende construir um muro de mais de 3000 quilômetros na fronteira dos EUA com o México sem a ajuda de mexicanos ilegais?".

Wednesday, April 26, 2006

Adivinha no que estou pensando?

Na revista Scientific American deste mês saiu um anúncio de uma máquina para ler a atividade cerebral. O artefato da empresa japonesa Hamamatsu se assemelha bastante com aqueles capacetes cheio de tubos e luzes que qualquer bom cientista estereotipado na TV e no cinema tem. O texto do anúncio explica que o leitor de atividade cerebral diferente dos que já existem por aí usa luz no lugar de radiação ou campos magnéticos, sendo assim mais seguro (se eles dizem nós acreditamos). O texto ainda entra em detalhes técnicos mas o mais interessante é o para que serve: Para saber se durante o expediente uma cabeça está ativamente trabalhando numa tarefa ou em estado de descanso. Putaqueopariu! Vai ver este será o verdadeiro Big Brother. Não uma câmera filmando as pessoas a todos momentos, mas algo que terá que ser usado no trabalho para ver se você está realmente elaborando uma planilha, ou simplesmente olhando para a tela do computador com o final de semana na praia em mente. Não me venha com esse papinho de ócio criativo!