Tuesday, August 29, 2006

Morte aos diferentes!

Cheguei no bar e só havia mulheres. Umas trinta. Era um bar só para lésbicas. Nada oficalmente anunciado, mas na prática nem homens gays frequentam. Há muito disto nos EUA, lugares só de negros ricos, só de enfermeiros, só de motoqueiros donos de Harley Davidson, não pode ser de outra marca.

Pois bem, estava eu lá feliz e contente colocando notas de um dólar na jukebox e escolhendo de Beatles à Rolling Stones. Chega uma menina, que contrariando o biotipo da maioria das presentes, era magra e bonita. A gente conversa. Ela intrigada: “Mas então você não é gay”. Papo vai papo vem, ela também não era gay, estava só acompanhando o casal de amigas. Foi uma noite divertida até o ponto que presenciei o absurdo que é a discriminação contra as pessoas diferentes de você.

Ao sair do bar, fui insultado por uma outra menina. Com alguns palavrões que não incluirei aqui ela falou: “O que que você está fazendo aqui. Aqui não tem nada pra você. Faça o favor de nunca mais aparecer no nosso bar.”

Quase apanhei.

Afastamento para viver

“Devemos optar por viver a vida ou escrever sobre ela”. Já foi dito por um estratosférico escritor cujo nome não recordo. Não sei realmente se esta frase foi mesmo dita por alguém, mesmo um zé-mané, antes. Se não foi, a cunho agora.

Mas isto não importa.

Importa entretanto para os leitores do Ornitorrinco, que sim, estive sem escrever e sim, estive vivendo a vida nas últimas semanas. Agora volto e tentarei viver e escrever quebrando a regra da reza deste tal magnânimo autor, se é que ele existiu.

Saturday, August 05, 2006

Abaixo a inteligência artificial!

Eu quuero escrever errado e daí? Não quero um software qualquer tentando adivinhar o que querro e corrigindo como digito. Se minha planilha de Excel tem linhas e colunas numeradas assim: 3, 5, 1, 2, 2, 7, 2, 3, 1. É isso que eu pretendi. Não me ofereça sugestões de slide mestre no Powerpoint, saco! Não, não é porque eu procurei cem vezes pela palavra Superman no Google que desta vez eu não esteja tentando localizar Sula Miranda.

Clerks 2

Ao contrário do que geralmente faço, comecemos pela nota: Nota A+!

Como que um filme barato, de comédia (atenção, não disse comédia barata), pode receber a nota máxima ao lado de O Iluminado, Apocalypse Now, 2001-Uma odisséia no espaço, E La Nave Va, Pulp Fiction, A Liberdade é Azul, e Que Droga fui Assaltado (este curta foi idealizado ((não gosto desta expressão neo-pseudo-intelectual-politicamente-correto, mas vou usá-la mesmo assim)) pelo meu amigo Perusso e por mim, com a participação de Lielson Z. como diretor substituto)? Simples, eu e mais todos que estávamos na sala de cinema rimos da primeira frase à última. E eu estava não só dando gargalhadas mas batendo com os pés no chão, colocando a mão na barriga que chacoalhava. Vale dizer aqui que este papel ridículo não foi testemunhado por ninguém que eu conheça, fui sozinho ver o filme, por isso pude e fiz este papel.

Os personagens são todos de alguma maneira debilitatos mentalmente. Principalmente, desprovidos de mecanismos psicológicos de percepção do que a sociedade espera de cada um. O grupo de balconistas de neste caso uma lanchonete em New Jersey e mais seus vizinhos comerciantes de maconha analisam as preocupações da vida moderna, como carreira, amor, casamento, filhos, dinheiro, sucesso, as grandes palavras, olhando de baixo pra cima. Para quem não sabe, ser garçom de lanchonete ou balconista nos Estados Unidos é estar na base da cadeia alimentar.

E esta visão é como a dos outros mortais, cheia de angústias, medos e incertezas. Aliás, me corrijo aqui, eles são especiais, pois tem mais sacadas geniais e nenhuma obrigação com o que é para os outros correto. Pensemos, um pai de família num escritório típico não pode relatar sua experiência de quando assistiu a um espetáculo de sexo entre um homem e um animal sem ter sua vida, ou pelo menos como as pessoas olham para ele, abalada. Mas, como diz o poster do filme. “Com nenhum poder vem também nenhuma responsabilidade.”

Por isso e por outras coisas o filme é um clássico. A+!