Tuesday, October 30, 2007

Momento Diário de um Adolescente

A vida vai bem e isto me preocupa. Imagino que todo mundo deva ter aquela sensação que quando está tudo indo muito bem é porque depois da curva a má sorte os espera.

Eu recebi um aumento recentemente, estou me sentindo bem fisicamente e acabei de me mudar para um apartamento maior e melhor. Mas eu tenho certeza que logo ali, no mês que vem, talvez na semana que vem, ou até mesmo amanhã, algo vai me atingir como um raio.

Recentemente um fenômeno meteorológico foi o início de uma fase obscura. No curto período de quatro semanas: Fui atingido por um furacão, quebrei o pé, briguei com a namorada, tive meu carro arrombado e meu cachorro morreu. Há bem pouco tempo atrás. Agora, como disse, a vida vai bem. Isto não prova que minha teoria está certa?

Mas o mais trágico disto tudo é que primeiramente eu antecipo meu momento bom acabando logo, mas nunca imagino durante as fases ruins que tudo vai ficar bem em breve.

Segundamente, eu não acredito em mérito. Este assunto merece um texto exclusivo, mas em resumo acho que a quantidade de variáveis que se combinam para alguém suceder na vida são tantas, quase infinitas, que o mérito pessoal por si só tende a zero. Está aí portanto mais um diminuidor de prazer.

PS. Só para que fique registrado. Sou um cara feliz, talvez só pense demais ás vezes.

Monday, October 29, 2007

Fotos Minimalistas

Fotos minimalistas




Update: Perguntaram se as fotos são minhas. Sim, são minhas.

Tuesday, October 23, 2007

Louco, livrou-se de toda sua vestimenta e nu saiu pelas ruas.

Levado preso, perante a corte, exclama que é uma vitamina genética e suas ações dela são frutos. Não o engolem. Defende sua fé numa divindade superior que a tudo controla. Não o perdoam.

Sozinho numa cela vazia, toma a decisão de se matar. Aquela seria escolha própria, encontraria a redenção nos momentos finais de sua vida: o livre-arbítrio.

Dias depois, o corpo doado para a ciência; o médico, Doutor Moros, encontra o gene que predetermina seres a serem exibicionistas e suicidas.

É então perdoado post mortem. Uma religião nasce em seu culto.

Milhares de pessoas agora andam nuas pelas ruas. Todas fadadas a se matarem.

Friday, October 19, 2007

2001

Como quem espera ansioso o encontro com a ex-namorada, aquela que foi o verdadeiro e único amor, na esperança por um sexo-recordação. Assim passei o dia de ontem na espera para assistir "2001: Uma Odisséia no Espaço" em um cinema, na tela grande, aqui em downtown Houston. O Centro de Filmes Angelika de tempo em tempo projeta por uma noite só grandes filmes clássicos.

Já assisti 2001 em video e dvd, sem exagero, umas dez vezes. Dez vezes inteiro, pois ás vezes queria ver especificamente uma cena só. A razão é simples: este é o meu filme predileto de todos, de todos os tempos e gêneros. O fato de eu ter um filme que considero superior a todos os outros é uma surpresa pra mim mesmo. Gosto muito de cinema, assisto muitos filmes, poderia não ter um filme predileto, ou ter no máximo uma discutível lista de cinco melhores. Mas não. Tenho um filme favorito.

Acho que o gosto para filmes diz muito sobre quem as pessoas são.Não me ache pretensioso, mas consigo traçar mais ou menos o perfil de alguém pelo que a pessoa aprecia no cinema. Baseado nisto sempre imaginei se eu seria um bicho muito estranho e esquisito mesmo por gostar de um filme que muitos não entendem. Bem, como defesa da minha falta de sensatez prefiro pensar que o intelecto daqueles não está preparado para algo sofisticado como 2001.

Enquanto comia um sushi antes da projeção, imaginava que tipo de figura estaria lá assistindo o filme. Aqui nos EUA, sei lá, pode-se esperar ver aqueles aficcionados vestidos como protagonistas. Imagine chegar na sala e ter uns macacos e uns astronautas sentado na sua frente... Mas ainda bem, estavam todos vestidos de gente. No entanto o que foi surpresa era que na sala lotada tinha bastante gente nova. Achei que seria na maioria o povo da velha guarda, que teve o privilégio de assistir o lançamento em 1968. Antes da exibição, todos conversavam animadamente, como se fosse uma grande família de gente estranha e esquisita. O diretor do centro entra na sala e pergunta quem iria ver o filme pela primeira vez e a meninada levanta a mão. Senti uma certa inveja. Não há nada como ler um livro, ou assistir um filme de qualidade com uma planilha em branco.Vai ver todas as outras várias vezes que se repete a experiência é uma busca por aquela primeira sensação. Como dizem dos viciados em heroína sempre em busca da primeira viagem.

Sentei na terceira fileria, bem no meio, e me deixei levar pelo infinito do universo.

Já teria sido uma boa noite, mas ainda tinha algo mais. O ator principal do filme estava lá (Keir Dullea quem fez o papel do astronauta Dave Bowman), e depois da exibição se ofereceu para uma rodada de perguntas e respostas com o público. Sim, isto mesmo, passei das teóricas seis pessoas de distância, para uma só. Ali na minha frente alguém que trabalhou meses com o Stanley Kubrick. Este momento ficará registrado na minha memória como um dos (aqui sim) “top five momentos de tietagem absoluta”. Junto do dia em que assisti o Woody Allen tocando jazz num bar em Nova York e da vez que aos sete anos de idade abraçei a Xuxa.

Ele contou algumas coisas sobre a filmagem, disse que o Kubrick era gente fina e um gênio e foi isso. Pronto, essa foi minha noite. Cheguei em casa e encontrei um quarto branco com decoração do século retrasado. Já cheio de rugas, comi algo e derrubei um copo para logo depois morrer e virar um bebê espacial.

Ilustração: Janara

Wednesday, October 10, 2007

Um diálogo ouvido ontem:

- Qual seu tipo de comida predileta?

- Olha eu sou meio chata pra comida. A minha refeição perfeita seria o melhor de vários restaurantes: O hamburger do Burger King, as fritas do McDonald’s , os onion rings do Sonic e o milk-shake do Dairy Queens.

Ouço coisas como esta com frequência por aqui. Pessoas que discutem qual a melhor fast food como se fossem sofisticados hors d’œuvre.

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Ainda no assunto comida.

Que o Hugo Chavez, dentro de uma suposta cruzada moral, desaconselhe a ingestão de whisky, o gasto com luxos supérfluos e o consumo de alimentos calóricos , vá lá. Agora, o presidente venezuelano colocou no mesmo balaio os alimentos apimentados. Ô seu Chavez, pimenta não faz mal não.

Friday, October 05, 2007

Não sei se vocês sabem, mas o Presidente George Bush costumava ser um manguaceiro, bêbado, cachaceiro dos bons. Depois parou, mas antes disto olha como ele era.



Olha, ele parecia ser um cara divertido. Talvez ele deveria ter continuado a beber. Quem sabe não haveria uma guerra sem fim no Iraque, o protocolo de Kyoto estaria assinado e sendo cumprido, a pesquisa sobre células tronco estaria progredindo e teríamos encontrado a cura para diversas doenças...

Gosto muito de poesia concreta. A seguir três poemas do Augusto de Campos:









Bem, eu bicho informático fiz um pequeno poema concreto utilizando as mais de duas dimensões do suporte virtual de um blog. Post abaixo:

Wednesday, October 03, 2007

“Mas como assim vocês não separam o lixo orgânico do lixo reciclável?”
Frase dita por mim no início de 2005 quando primeiro cheguei às terras estadosunidenses.

“Mas como assim vocês não separam o lixo orgânico do lixo reciclável?”
Frase dita por uma amiga visitando Houston no mês passado.

É... meus caros, somos curitibanos e como tais fomos programados a separar o lixo do lixo-que-não-é-lixo. Coisa básica. Quem é de Curitiba conhece bem a palavra “separe” em letras garrafais com hifens entre as sílabas divulgada por uma campanha extensa na cidade, simples e direta:

SE-PA-RE

Nós da capital do estado da terra dos pinheirais também andamos de ônibus biarticulados, ligeirinhos, alimentadores e interbairros naturalmente como aqueles outros dirigem em highways, marginais ou linhas amarelas. Nossos terminais tem tubos anexados a eles e com uma passagem se vai longe pulando de linha em linha.

Fora isto também temos orgulho dos nossos parques. Falamos para os de fora, sem nenhuma recordação do valor exato, que nossa cidade tem as maiores áreas verdes por habitante. “São 50 metros quadrados por habitante”, diz um. “São 30 metros quadrados por habitante”, um outro afirma. Na verdade quando se está deitado no gramado do parque São Lourenço num domingo de sol e de céu azulzinho como se polarizado apreciando as ovelhinhas a comerem grama aquilo não importa.

Sou Curitibano por opção. Poderia me considerar Florianopolitano pois lá nasci, ou Carioca onde passei a infância. Até mesmo Houstoniano. Por que não? Já que é aqui que atualmente moro com gosto. Mas não, meus caros, meu coração é curitibano. Sou portanto suspeito quando falo bem da “verdeza” da minha terra, vocês podem argumentar. Mas leiam este post sobre Curitiba (em inglês) num blog sob a batuta da National Geographic e vocês concordarão que Curitiba é mesmo lazarenta de tesão*.

*Tem que ser de Curita pra entender a expressão. Ha!

Acho que estou com saudades de casa. Me deu um aperto forte no coração agora.
Fotos todas Googladas

Monday, October 01, 2007

Um grande amigo, alienígena e poeta, pegou meu conto minúsculo e fez dele seu. Gostei bastante e aqui o publico.

Plágio Ordinário

A camionete, os dois veículos, e os caminhões entre buzinas contentes e os motoristas altos tinham mais que única a cena ao verem a motorista Viviane tocando potente que sentada na cabine masturbava o carona da F-1000