Tuesday, October 23, 2007

Louco, livrou-se de toda sua vestimenta e nu saiu pelas ruas.

Levado preso, perante a corte, exclama que é uma vitamina genética e suas ações dela são frutos. Não o engolem. Defende sua fé numa divindade superior que a tudo controla. Não o perdoam.

Sozinho numa cela vazia, toma a decisão de se matar. Aquela seria escolha própria, encontraria a redenção nos momentos finais de sua vida: o livre-arbítrio.

Dias depois, o corpo doado para a ciência; o médico, Doutor Moros, encontra o gene que predetermina seres a serem exibicionistas e suicidas.

É então perdoado post mortem. Uma religião nasce em seu culto.

Milhares de pessoas agora andam nuas pelas ruas. Todas fadadas a se matarem.

4 comments:

Daniel Caron said...
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Daniel Caron said...

Andar nu por aí é uma experiência e tanto. Em uma comunidade naturista, poucas são as máscaras que precisamos carregar. O melhor de tudo é acordar pela manhã com aquele calor escaldante na barraca e não precisar procurar o calção para sair. É só abrir o ziper e deixar a brisa suave envolver o corpo.

Eu, em meus dias de peladão, convivi com toda sorte de insetos, lagartos, algas vivas e peixes. Mas como que por instinto soube em cada situação como me relacionar com a natureza, sem sofrer qualquer tipo de injuria. Além da fauna e flora, outra. Os seres humanos que comigo dividiram aquele recanto entre morros e pedras altas. O mais curioso de tudo é que eram pessoas "normais", se é que existe isso. Havia um casal na faixa dos 40, ele engenheiro, ela dona de casa. Tinha uma avó de 60 muito engraçada e um poeta de 73 bastante religioso.

E como em qualquer outro balneário, nos reuniamos no fim da tarde para jogar bocha e nas noites claras fazíamos luais. Todos nus. Um verão memorável aquele de 2002.

Anonymous said...

O conto está "supimpa" poderia ser classificado como "Conto Contundente", o que o caracterizaria com exatidão, é um conto que dá uma cutilada no leitor sem pedir licença e o deixa sangrando sem prestar o socorro e sem olhar para trás. Quanto ao tema, "andar peladão por aí", já é outra estória. Há os que andam e os que não andam, como, desde os primórdios da humanidade, o vertir-se esteve ligado ao proteger-se do clima e proteger-se dos olhares indiscretos dos outros, os peladões de hoje só devem deixar de lado o preconceito de serem devassados pelos inquisitores anatômicos de plantão e curtir o vento nas partes íntimas, cada um com suas preferências. O Caron parece um carinha bem resolvido, não se importa de mostrar suas "paqüeras"* para os outros, parabéns para ele!
* "paqüeras" - Expressão regional de Palmeira-PR que quer dizer "partes pudendas" - NA.

Daniel Caron said...

Se minhas paqüeras apreciam a brisa marítma, que posso fazer?

Brincadeiras à parte, acho que o naturismo é uma viagem e ajuda a quebrar nossos preconceitos.

Lopes, o conto está supimpa.

Quero mais!