Tuesday, July 24, 2007

Papo Gay


Vindo de um curso técnico no Cefet-PR o curso de comunicação social na UFPR me parecia um protesto anti status quo. Talvez por que se lê Marx ou quem sabe porque se usa muita droga, cursos da área humana em geral tem esta característica de quererem mudar o mundo.

O resultado era que ser diferente, ser alternativo era a regra, era o lugar-comum nestes cursos. Vestia-se de maneira diferente do resto, lia-se livros que poucos leram, escutava-se rock finlandês, estas coisas. Acabavam ficando todos iguais, mas isto é outro texto.

Umas meninas levavam isto para um nível acima e de repente decidiam ser lésbicas. Se elas sempre foram, se eram bissexuais, não sei. O que importa é que ao anunciarem em alto e bom som que eram homossexuais seu nível de alternatividade, com perdão do neologismo, aumentava e elas gostavam da atenção. Além dos braços completamente tatuados, além de fumar maconha hidropônica, elas eram as mais diferentes de todos os diferentes porque eram lésbicas.

Li que um bar gay em algum canto da Austrália ganhou o direito por lei de barrar heterossexuais de adentrá-lo. A discussão então girou em torno de se este tipo de discriminação não é exatamente contra o que os grupos GLS de bandeira de arco-íris lutam. Eu quero ter todos os direitos que um não-gay tem, mas eles que não venham dividir uma cerveja comigo.

Já comentei aqui no Ornitorrinco sobre algo nesta linha que aconteceu comigo.

Há uns meses, passei uns dias na casa de um amigo em Boston. Ele por algum mistério da natureza social atrai várias lésbicas para sua volta para serem suas amigas. (Para sua infelicidade raramente uma das suas amigas dá pra ele).

Fizemos uma festa e convidamos as amigas dele. No meio da noite os convidados eram várias das meninas lésbicas cercadas por caras que pela maneira que as cantavam, não eram gays. Uma delas de uns 20 anos e de atitude bem marrenta olha pra mim, do outro lado da sala, e com a atenção de todos pergunta: Você parece ser legal, mas você não é gay, é? Naquela hora me veio a imagem das menininhas da Federal que se achavam melhor porque eram gay. Lembrei também do dia que fui recriminado num bar por não ser gay. Porém não tenho nenhum tipo de sentimento contrário a gays, então elaborei a seguinte resposta:

- “Eu não acredito nestas coisas”. O povo em volta parou e ficou me olhando com cara de “O que que este cara está falando?”.

Se uma mulher fez sexo com outra uma só vez, ela passa automaticamente a ser homossexual? Se um sujeito pensou sobre outro homem com algum tipo de desejo, ele é gay? As meninas que dão beijo na boca umas das outras mas não fazem sexo são lésbicas? Acho que o conceito de ser gay ou não não existe. É um pensamento, como diriam meus colegas comunicólogos, muito positivista.

- “Em suma, eu nem entendo o que sua pergunta quer dizer.” Ela se calou, fui parabenizado por uns dois e de alguma maneira senti que fiz um favor para ela e para todos do mundo gay, se é que isto existe.

2 comments:

Anonymous said...

Eu nunca discriminei pessoas. Sempre achei todos iguais, pois todos os maiores de 18 anos respondem por seus atos,pagam seus impostos, votam,etc.. Quanto a sua preferência sexual, não tem nada a ver. Cada um na sua. Tem pessoas que gostam de uma certa bebida, de uma certa comida, de um certo país, e por aí a fóra. Gosto não se descute. Somos humanos. Jamais se deve gostar ou não de alguém porque ela veste assim,porque ela é assim,porque ela é rica,porque ela é celebridade,etc. A gente gosta ou não gosta. Fim.

Anonymous said...

Parece que o nobre blogueiro ornito saiu pela tangente ao dizer "Eu n�o acredito nisso" e se saiu bem, porque n�o foi uma resposta direta a uma pergunta que a exigia. N�o acreditar num n�vel conceitual � f�cil, n�o precisa ser explicado. Agora vejam meu caso: Eles, os gays, ao afirmarem que fizeram uma "op�o" pelo homosexualismo, me deixam com seguinte d�vida: Se fizeram op�o � por que h� uma outra alternativa, e se h� outra alternativa um homo hoje pode ser hetero amanh� certo? Ora,ent�o por que n�o se registra passagens no sentido homo para hetero? Ser� que ser homosexual � apenas isso, optar? N�o seria alguma coisa mais profunda nos n�veis f�sico, psiquico, emocional e comportamental? N�o seria uma esp�cie de "predetemina�o" ditada por condi�es especiais de ambiente, horm�nios, cria�o familiar e tratamento durante a primeira inf�ncia e, por �ltimo, BEM por �ltimo, escolha? N�o sei, e acho que nem eles sabem, mas preferem apostar na d�bia palavra op�o...