Tuesday, January 16, 2007

Meia Maratona de Houston

Passei a semana passada inteira falando para meus colegas de trabalho, “No domingo eu vou correr a meia maratona de Houston”. Podia ser só impressão minha, mas eles lançavam um olhar incrédulo e olhavam direto pra minha barriga.

Faz até um certo sentido. Inscrevi-me para a corrida de 21 Km em Junho do ano passado. Treinei por 4 semanas e me apareceram umas dores no osso da canela. Segundo os corredores mais experientes, como um maratonista que trabalhava comigo, aquilo eram pequenas rupturas nos ossos, e o corredor tem que parar por uma ou duas semanas e colocar gelo. Fiz isso e bem preguiçoso não voltei mais a treinar. As curtas corridas duas vezes por semana não serviram nem pra diminuir a barriga, quanto mais para valer como treino pra uma meia Maratona.

Mas eu estava confiante. Fiquei uns bons e longos cinco dias sem tomar cerveja. Não comi tanta carne vermelha e principalmente falei pra todo mundo que iria correr. Eu propositalmente criei esta pressão psicológica. Se falasse pra todo mundo, tinha que cumprir.

“Que burrada” não saía da minha cabeça nos primeiros 5 quilômetros. Depois até o quilômetro 10 essa idéia foi esquecida. Havia tantas pessoas motivando os corredores que parecia que ia dar. Cada copo d’água entregue por alguém dava força pra mais uma meia dúzia de passos.No quilômetro 15, observando muitos já caminhando, eu só pensava: “Se eu começar a caminhar não termino esta prova.” Pensamento só interrompido pelo “Que burrada” que agora voltava pra querer me matar na praia. A placa da rua que leva até minha casa “West Grey” era o convite pra ir pra casa. Estava alí do lado, mas eu teimoso, não parava de correr.

O percurso inteiro foi beirado por torcedores, mas nos dois últimos quilometros havia muito mais pessoas gritando e aplaudindo. Infelizmente, lá eu já não ouvia mais. Também não sentia mais dor, não pensava em mais nada. Até finalmente perceber que a faixa da chegada passava sobre minha cabeça e concluir: “Eu consegui”.

4 comments:

Anonymous said...

Parabéns pela iniciativa, coragem, força de vontade e determinação mas, acima de tudo, pela maneira honesta e meio jocosa de escrever sobre tão inusitado desafio para quem nunca tirou a bunda da cadeira do bar a não ser para ir ao banheiro despejar o que havia bebido de sobejo junto com os amigos.

Augusto Ouriques Lopes said...

Sr, Anônimo.

Sua frase ficou ambígua. Quem nunca tirou a bunda da cedeira sou eu ou meu leitor?

Anonymous said...

Evidentemente o "teu leitor" não tirou a bunda da cadeira, por dois bons motivos: 1) Para escrever o comentário estava sentado e; 2)Não costuma fazer quaisquer tipos de exercícios físicos. Conclusão: quem tirou a bunda da cadeira para correr foi você.

Daniel Caron said...

Parabéns Lopes.

Não é para qualquer um. Quanto mais o tempo passa, mais difícil vão ficando metas como correr uma meia maratona, dar a volta ao mundo ou andar por aí de jeep (num daqueles bons e velhos ford 56, não essa porcaria que se usa agora). É preciso fazer as coisas agora. Se postergar, morre na casca. Por isso, mais uma vez, nossos sinceros parabéns.

Agora, como leitor de O Ornitorrinco... Põe umas fotos suas aí cara, para matar a saudade.

Um abraço,

Daniel / Michelle / Luiza